Médicos alagoanos refletem sobre a data e destacam importância da educação para desconstruir o preconceito
Profissionais do Hapvida Maceió contam os principais desafios de suas carreiras e afirmam: “é preciso ser julgado pelo caráter, e não pela cor da pele”

O Dia da Consciência Negra foi celebrado no último dia 20, mas as atividades relacionadas à luta e resistência do povo negro duram o mês inteiro. A data é uma alusão à morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695.
Com o objetivo de reafirmar o seu compromisso com a igualdade social e combate a qualquer tipo de preconceito ou descriminação, o Hapvida Maceió entrevistou dois médicos da rede, que conhecem bem o que é ser negro em um país que grita por liberdade.
Gleydson Lima é otorrinolaringologista e Wellington Moreira da Silva é residente em medicina do trabalho. Eles contam os desafios de suas carreiras e refletem sobre a data: "é preciso ser julgado pelo caráter, e não pela cor da pele".
MEDICINA É AMOR E TAMBÉM É RESISTÊNCIA
Gleydson Lima tem 40 anos e é natural de Feira de Santana, na Bahia. É otorrinolaringologista do Hapvida em Maceió. Ele, que já acumula 10 anos de experiência na área, destaca a relevância do mês da consciência negra não apenas para a comunidade médica, mas para a sociedade em geral.
"Os negros foram e continuam sendo importantes para a formação social, histórica, econômica e cultural do nosso país. Infelizmente, nós ainda enfrentamos obstáculos concretos no acesso a bens, serviços e direitos", reflete o profissional.
As desigualdades sociais no Brasil são atuais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de mais da metade dos brasileiros serem negros (54%), são os brancos que ocupam as maiores parcelas nos índices econômicos e sociais, como renda familiar e acesso à educação.
Apesar dos números pouco animadores, o otorrino afirma que os médicos negros colecionam algumas conquistas, mas existe um longo caminho pela frente. "A atuação de médicos negros aumenta a cada ano, mas precisa ser mais expressiva. Investir na educação de base pode eliminar desigualdades historicamente acumuladas e garantir mais oportunidades", avalia.
"EU VIVO O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA TODOS OS DIAS"
Já o médico Wellington Moreira da Silva, 34, nasceu no município de União dos Palmares, Alagoas. Ele trabalha na área de urgência e emergência do Hospital Maceió e, atualmente, também é médico residente em medicina do trabalho.
Para ele, o grande desafio de ser um médico negro é estar em uma posição que poucos de sua origem assumem. Ele afirma ser grato ao Sistema Hapvida e conta que conseguiu mudar a vida da sua família com o suor de seu trabalho.
“Hoje eu posso contribuir para que meus pais e irmãos tenham oportunidades. Eu represento outras pessoas negras e estou aqui para mostrar que podemos assumir nosso lugar onde quisermos”, diz.
O médico acredita que é necessário maiores investimentos em educação pública de qualidade, além de projetos específicos voltados à comunidade negra.
"Eu vivo o dia da consciência negra todos os dias. Eu sinto muito orgulho do profissional que me tornei. Espero que o meu testemunho possa incentivar as outras pessoas a resistirem e a lutarem pelos seus sonhos", finaliza.
Veja também
Últimas notícias

Homens morrem em confronto com a polícia, em Delmiro Gouveia

Adolescente é apreendido suspeito de praticar furtos em Delmiro (AL) e Canindé de São Francisco (SE)

Escultor entrega novos elementos da via sacra de Palmeira dos Índios

Polícia Civil prende homem condenado por estuprar criança de 11 anos em Maceió

Prefeitura continua entrega de peixes em bairros de Palmeira dos Índios

Com DNA arapiraquense, redes Unicompra e São Luiz lideram o varejo de Alagoas
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
