Saúde

Medicamentos contra o HIV estão disponíveis pelo SUS em Maceió

Conheça os antirretrovirais capazes de bloquear a ação do HIV no organismo

Por Felipe Guimarães 26/12/2021 07h07
Medicamentos contra o HIV estão disponíveis pelo SUS em Maceió
Na rede pública de Maceió a Prep pode ser adquirida somente na Pam Salgadinho - Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde-DF

A campanha “Dezembro Vermelho” é celebrada no último mês do ano e mobiliza o Brasil nacionalmente no combate contra o HIV, a Aids e outras Infecções sexualmente transmissíveis (IST), buscando conscientizar a população sobre métodos de prevenção contra essas doenças.

Uma das formas de se prevenir contra o HIV é a utilização do Prep (Profilaxia Pré-Exposição), que é a combinação de dois medicamentos antirretrovirais capazes de impedir a multiplicação do vírus dentro do organismo, evitando então a infeção.

Apesar do Sistema Único de Saúde (SUS) ter aprovado a distribuição e o acesso gratuito ao medicamento para toda a população, em Maceió o Prep é encontrado somente através da rede privada ou na rede pública municipal, no Bloco I do Pam Salgadinho, unidade especializada em atendimento a pessoas vivendo e convivendo com Hiv/Aids.

Atualmente esta unidade possui um cadastro de aproximadamente 360 pessoas fazendo o uso do Prep e outras 200 em acompanhamento contínuo do tratamento. Por conta de fatores diversos, o tratamento muitas vezes é descontinuado pelos pacientes.

Em busca de maiores informações sobre o funcionamento do medicamento, o 7Segundos entrou em contato com um dos psicólogos da Pam Salgadinho, Yugo Torquato da Silva, que nos explicou um pouco mais sobre o tratamento.

“PreP significa Profilaxia Pré-Exposição. Qual o objetivo disso? Reduzir o risco da pessoa adquirir a infecção, então a Prep é uma das possibilidades que a pessoa tem de se prevenir ao HIV, existem outras, um conjunto dessas possibilidades e prevenção a gente chama de mandala da prevenção”, explicou.

Sede da Pam Salgadinho, no Trapiche da Barra. Foto: assessoria


Este medicamento é indicado especialmente uma parcela seleta da população, sendo eles: casais soro discordantes (quando uma pessoa possui o HIV e a outra não), profissionais do sexo, pessoas transexuais e travestis, homens que fazem sexo com outros homens (HSH), pessoas com doenças sexualmente transmissíveis e pessoas que fazem sexo sem camisinha com frequência.

Conforme explicou Yugo, o motivo do Ministério da Saúde (MS) apontar este grupo de indivíduos como público-alvo para este medicamento é a grande chance de exposição enfrentada por essas pessoas.

“Historicamente tem se observado que o HIV, apesar de estar relacionado com a prática desprotegida com comportamento, alguns segmentos da população tem uma incidência maior. Para determinadas categorias ou situações de exposição, há uma chance maior de infecção pelo HIV”, disse.

Como tomar?


Para tomar o medicamento, é preciso antes passar por uma acompanhamento médico com uma equipe de profissionais que irão avaliar a saúde do paciente, solicitando os exames de rotina, exames hepáticos, testes de anemia, função renal e oferecendo também um tratamento psicológico aos interessados.

“Essa pessoa que está se submetendo a Prep, ela é acompanhada, então o infectologista acompanha regularmente, através da solicitação de resultado de exames laboratoriais. Essa pessoa aqui no Pam Salgadinho, que é atualmente onde é oferecido esse serviço no Estado, por enquanto, tem uma equipe multidisciplinar”, comentou Yugo.

Tratamento


No Brasil, o tratamento da Prep é feito de forma contínua. Para o medicamento fazer efeito, o paciente deve tomá-lo todos os dias. A prevenção só vem após aproximadamente uma semana para relações anais e 20 dias para relações vaginais.

Caso o paciente deseje encerrar o tratamento com a Prep ele pode optar por não tomar mais o medicamento, caso ela não se encontre mais em uma situação de exposição ao HIV.

Efeitos colaterais


Apesar da eficácia comprovada de pelo menos 90% na prevenção do HIV, a utilização do Prep também possui alguns efeitos colaterais para o seu usuário e deve ser levada a sério. Os sintomas são estes: náuseas, cefaléia, possíveis flatulências e sintomas gastrointestinais.

De acordo com o Yugo, os sintomas não ocorrem com um índice muito alto, contudo os devidos cuidados devem ser tomados. “Em relação a efeitos adversos, a gente tem observado um índice não muito alto, em relação ao próprio tratamento das pessoas com HIV, é um índice menor, é muito importante que a gente relate as pessoas sobre a possibilidade de eventos adversos sobre o usos dos retrovirais, geralmente esses eventos adversos eles são moderados, nó máximo no primeiro mês eles vão desaparecendo”.

Prep ou Pep?


As pessoas que já foram expostas a uma possível situação de infecção de HIV sem estar em tratamento de Prep não precisam se desesperar. O SUS também oferta o tratamento com o Pep, a Profilaxia Pós Exposição.

Neste caso, o paciente tem a opção de esperar entre 2h ou até no máximo 72h(três dias) e se dirigir a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou até o Hospital Helvio Auto, localizado no Trapiche da Barra e solicitar o tratamento.

No caso da Pep, o medicamento antirretroviral deve ser continuado por 28 dias para o HIV ser completamente eliminado do corpo.

“A escolha entre Prep e Pep tem muito a ver com a frequência com o que a pessoa se expõe. Alguém que tem relacionamento sem preservativo, ela pode fazer a Pep em função desse evento, mas se for uma coisa que faça parte do comportamento dessa pessoa, seria mais indicado tomar a Prep, porque a Prep proporciona para ela uma proteção contínua”, explicou Yugo Silva.

Para entender melhor


Em Maceió já foram registrados 1.224 casos de HIV/Aids sendo cada vez mais imprescindível a devida conscientização sobre o assunto. No início deste ano o 7Segundos fez uma reportagem sobre o número de casos da doença, você pode conferi-la clicando aqui.

Para entender melhor sobre o uso da Prep e Pep e demais prevenções, assista a este vídeo