Inflação argentina fica em 4,6% em junho e chega a 271,5% em 12 meses
Índice de preços do país voltou a acelerar após 5 meses seguidos de desaceleração. Em maio, taxa havia sido de 4,2%

A inflação da Argentina ficou em 4,6% em junho, apontou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país. Com isso, o aumento dos preços chegou a 271,5% em 12 meses.
O resultado rompeu um ciclo de 5 meses consecutivos de desaceleração. Em relação a maio, quando a inflação ficou em 4,2%, os preços subiram 0,4 ponto percentual (p.p.). Quando considerado o primeiro semestre de 2024, a taxa acumulada é de 79,8%.
O setor de maior alta no mês foi o de Habitação, Água, Eletricidade, Gás e outros combustíveis (14,3%). Na sequência, ficaram Restaurantes e Hotéis (6,3%), Educação (5,7%), Recreação e Cultura (5,6%) e Comunicação (5,3%).
Após tomar posse, em dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para os estados. Foram retirados subsídios às tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais.
Quando o incentivo foi retirado, houve um aumento expressivo nos preços ao consumidor. Mas, logo no primeiro trimestre deste ano, o presidente conseguiu o primeiro superávit desde 2008. O objetivo de Milei é alcançar o "déficit zero" para o fim de 2024.
Argentinos estão comendo menos carne
A inflação do país também desacelerou, dos 25,5% registrados em dezembro aos 4,6% calculados em junho. Parte da queda no índice, contudo, também tem sido atribuída à diminuição de potencial de consumo entre os argentinos, além de medidas para redução de impressão de dinheiro.
Argentinos ouvidos pela agência de notícias Reuters destacaram que a queda nas taxas ainda não reflete uma diminuição dos preços de serviços públicos, transporte e de alimentos. E o salário mínimo de 234,3 mil pesos (US$ 260) não conseguiu acompanhar a inflação anual próxima dos 300%.
A consequência é uma intensificação da pobreza no país: são 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).
Outro problema está na atividade econômica. Com o ajuste promovido pelo governo, o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em comparação com o mesmo período de 2023.
Projeções do Banco Mundial, apoio do FMI...
Em relatório publicado no mês passado, o Banco Mundial mudou suas perspectivas para a economia argentina neste ano.
A instituição passou a prever uma queda de 3,5% para a atividade econômica do país vizinho, uma piora de 0,8 ponto percentual (p.p.) em comparação às estimativas de janeiro, de recuo de 2,7%.
Para 2025, no entanto, as projeções são mais otimistas. A expectativa é que o país volte a se recuperar, "com um crescimento de 5%, à medida que os desequilíbrios econômicos forem resolvidos e a inflação diminuir" no país.
Também no cenário internacional, as medidas de austeridade adotadas por Milei têm rendido elogios do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em maio, a organização internacional anunciou um acordo que permite o desembolso de quase US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhão).
O FMI destacou o "primeiro superávit fiscal trimestral" em mais de 10 anos, a "rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Especialista destacam, porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no longo prazo.
O governo Milei segue em seu plano. No mês passado, o Senado da Argentina também aprovou um amplo projeto de lei que é chave para os planos de reforma econômica de Milei.
Em termos gerais, a "Lei de Bases" dá poderes especiais ao governo por meio de um decreto de estado de emergência pública, além de propor a privatização de algumas estatais.
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