Meio ambiente

Além do bugio, veja outras espécies ‘diferentes’ de macacos encontradas em AL

Aparição do macaco-uivador em Satuba causou alvoroço e dúvidas na população

Por Wanessa Santos 16/10/2024 13h01 - Atualizado em 16/10/2024 13h01
Além do bugio, veja outras espécies ‘diferentes’ de macacos encontradas em AL
O primata foi flagrado pela primeira vez no último sábado (12) - Foto: Reprodução / Vídeo

Recentemente um macaco bugio, ou macaco-uivador, foi visto rondando casas em um povoado na Zona Rural de Satuba, região Metropolitana de Maceió. O tamanho do animal surpreendeu a população, que não costuma ver primatas de médio e grande porte circulando livremente. Em entrevista ao 7Segundos, o biólogo Carlos Fernando explica quais espécies incomuns de macacos podem ser encontradas em Alagoas.

Não é raridade ver pequenos primatas em árvores, muros, e até mesmo andando nos fios dos postes das cidades, como em Maceió. Entretanto, não existem somente os conhecidos saguis em Alagoas. Segundo o biólogo da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Maceió, Carlos Fernando, o estado possui outros tipos não tão vistos de primatas em suas matas. São eles:

Guariba-de-mãos-ruivas
Alouatta belzebul

Guariba-de-mãos-ruivas. Foto: ICMBio

Essa espécie possui coloração geralmente negra, com mãos, pés e terço apical da cauda ruivos. Face nua e negra e com presença de uma barba espessa, mais evidente em machos adultos. São animais pacatos, descansando cerca de 75% do dia, isto devido à sua dieta rica em fibras e baixo retorno energético.

Ocorre na Mata Atlântica (Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas) e na Amazônia (Pará, Maranhão e Tocantins).

Avaliação de Risco de extinção pelo ICMBio: Vulnerável (VU).

Curiosidade - É o único primata do novo mundo que é tricromata visual, isto é, enxerga colorido, assim como a espécie humana. Na mata Atlântica estes animais são considerados raros, tendo em vista a grande fragmentação desse bioma. Estima-se que haja menos de 500 indivíduos. Já na floresta Amazônica é abundante.

Macaco-Prego-Galego
- Sapajus flavius

Macaco-Prego-Galego. Foto: ICMBio

Possui entre 36,8 e 40 cm de comprimento, com a cauda tendo até 42 cm. Os machos pesam entre 2,9 e 3 kg, e as fêmeas entre 1,8 e 2,5 kg. A pelagem é uniformemente dourada, e as partes inferiores dos membros são mais escuras. Não possui topete aparente. Possui longos pelos no pescoço. As mãos e pés são pretos. A face é rosada e os olhos são marrons. Os grupos possuem entre 2 e 32 indivíduos, e vivem em sociedades de fissão-fusão. Se alimentam de frutos, folhas, insetos e pequenos vertebrados.

Ocorre na costa nordeste do Brasil, do sul do Rio Grande do Norte até o nordeste de Pernambuco. De acordo com o biólogo Carlos Fernando, em Alagoas essa espécie está habitando a reserva ambiental de Pedra da Torre na zona rural de São José da Tapera. Sua distribuição se estende pelo interior até a Caatinga, na Serra do Estreito. Entretanto, habita principalmente os pequenos fragmentos de floresta secundária da Mata Atlântica, mangues e até canaviais.

Macaco-Prego-Do-Peito-Amarelo
- Sapajus xanthosternos

Macaco-Prego-Do-Peito-Amarelo. Foto: Instituto Evandro Chagas - IEC

É a espécie de macaco prego mais ameaçada, vivendo em uma região bastante habitada da Mata Atlântica. Quadrúpede, escalador, podendo assumir a posição bípede por certo tempo. Também pode saltar, chegando até 3 metros de distância. Bastante inteligente, consegue fazer uso até mesmo de ferramentas para aproveitar recursos alimentares.

Alimentam-se principalmente de frutos, além de flores, ramos novos, insetos, ovos de pássaros e pequenos vertebrados.

Ocorre na Bahia, Minas Gerais e Sergipe. Possui a distribuição geográfica limitada pelo rio São Francisco (podendo ocorrer também em Alagoas) a oeste e a norte, e pelo rio Jequitinhonha ao sul e o limite oriental é o oceano Atlântico.

Avaliação de risco de extinção pelo ICMBio: Criticamente em Perigo (CR).

Sobre o Macaco Bugio:


O bugio, também chamado de guariba e macaco barbado, faz parte do grupo dos macacos do gênero Alouatta: arborícolas, de hábitos herbívoros, corpo forte e cauda longa. Sua característica mais marcante é o som emitido pelos machos que pode ser escutado a longas distâncias.

Segundo o biólogo alagoano, Carlos Fernando, essa espécie de macaco não é muito avistada na natureza no estado de Alagoas devido a estar ameaçado de extinção.

Carlos Fernando, Biólogo da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Maceió

Ele conta que, apesar do tamanho, com os machos podendo chegar a mais de um metro de comprimento e pesar cerca de 6,2 quilos, eles são animais inofensivos, desde que os deixem em paz.

Perguntado se, pelo fato do animal estar retornando para as casas na região do Povoado Lindóia, na Zona Rural de Satuba, seria necessário realocar o macaco em outra região para cessar o contato com os seres humanos, Fernando explicou que não. “A área onde ele está tem fragmento de mata atlântica. Então deve ter um bando por perto. E esse deve ter tomado um pouco mais de coragem e se aproximado das casas”, disse o biólogo.

Carlos Fernando conta, também, que não existem grandes riscos para a população com relação à presença do animal, “desde que deixem ele em paz”. “É só não interagir. Deixa ele seguir seu caminho”, explica. Entretanto, o biólogo fala que se for observado no animal um comportamento diferente do que se espera da espécie, é importante contatar o Batalhão da Polícia Ambiental (BPA).

Vale lembrar que o bugio é vulnerável à transmissão de doenças, como a febre amarela e a Covid-19, e pode transmitir a doença para as pessoas. Apesar de ser dócil, não é um animal doméstico e pode morder.