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Estudo apoiado pela Fapeal visa aprimorar segurança alimentar em bancas de cocadas da Massagueira

Projeto de pesquisa desenvolvido por alunos do Ensino Médio analisou a qualidade alimentar do produto, buscando preservar a identidade cultural da cocada para a região

Por Agência Alagoas 23/11/2024 17h05
Estudo apoiado pela Fapeal visa aprimorar segurança alimentar em bancas de cocadas da Massagueira
Projeto desenvolveu estudo inédito sobre os riscos de contaminação em cocadas vendidas na Massagueira, em Marechal Deodoro - Foto: Assessoria

Com o intuito de preservar a tradição e garantir a segurança alimentar dos produtos regionais, uma equipe de estudantes da rede pública de ensino de Alagoas, sob a orientação da professora Gabriela Rossiter, desenvolveu um estudo inédito sobre os riscos de contaminação em cocadas vendidas na Massagueira, em Marechal Deodoro. O projeto é apoiado pelo Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), que incentiva estudantes a mergulharem no universo da pesquisa científica.

O estudo, intitulado ‘Risco de contaminação de alimentos comercializados em bancas de cocadas, segundo conhecimentos, atitudes e práticas autorreferidas de manipuladores de alimentos’, surge da importância cultural e gastronômica da cocada em Alagoas.

Segundo Gabriela Rossiter, orientadora e docente da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o objetivo é, não só assegurar a segurança alimentar, mas também preservar a identidade cultural que o doce representa para a região. "Por ser um produto típico da gastronomia alagoana, é fundamental que seja valorizado e produzido com toda a segurança", explica a professora.

Desenvolvimento e estruturação da pesquisa

No desenvolvimento da pesquisa, para capacitar os 10 alunos bolsistas da Escola Estadual José Correia Titara, a estudiosa e a coorientadora, Ana Paula Bulhões, realizaram aulas expositivas focadas nas boas práticas da fabricação de alimentos.

"Nessas oficinas, os alunos aprenderam conceitos essenciais de higiene e conservação dos alimentos. Também participaram de atividades práticas, onde puderam observar o processo de produção em casa e desenvolver fichas técnicas para cada preparação", detalha Gabriela Rossiter.

A pesquisadora explicou ainda que a parceria com o curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas foi fundamental para o desenvolvimento das fichas técnicas.

"Realizamos as preparações no Laboratório de Técnica e Dietética, com os bolsistas observando e registrando cada etapa. Além disso, o Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos (LCQA) nos ajudou a avaliar a qualidade microbiológica e sensorial das cocadas, confirmando uma validade de até 30 dias para o produto quando armazenado adequadamente", acrescenta a orientadora.

A pesquisa também colheu informações sobre o perfil socioeconômico dos vendedores, o que ajudará na abordagem de futuras capacitações. Com o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a padronização da cocada alagoana, por meio das Fichas Técnicas de Preparo (FTPs), permitirá a produção de um alimento com identidade local, trazendo visibilidade à cocada como patrimônio imaterial.

Desta forma, a docente acredita que o projeto beneficiará o desenvolvimento turístico e econômico de Marechal Deodoro, promovendo segurança alimentar e enaltecendo a cultura gastronômica local.

Experiência enriquecedora para os jovens bolsistas


Os jovens participantes, por outro lado, relataram o impacto positivo da experiência. Para os bolsistas, a atuação foi enriquecedora, oferecendo um contato direto com o mundo da pesquisa científica. Eles abordaram que as oficinas e atividades práticas ampliaram suas compreensões sobre a segurança alimentar e as boas práticas de manipulação. O grupo frisou que o mais desafiador foi observar e registrar todos os processos durante as atividades em laboratório, mas que isso forneceu uma noção real da importância da padronização para garantir a qualidade dos alimentos.

Durante o projeto, a equipe também enfrentou situações que testaram os conhecimentos adquiridos. Um exemplo foi a análise de um lote de alimentos com temperatura inadequada. "Essa experiência nos mostrou a necessidade de vigilância constante e de aplicar as boas práticas aprendidas para evitar problemas futuros", relatam eles.

Futuro acadêmico e impacto social


A participação no Pibic Jr também despertou o interesse dos jovens pela pesquisa científica e por carreiras ligadas à ciência dos alimentos. Eles reconhecem que a experiência no projeto foi um marco em sua formação acadêmica e profissional, incentivando-os a explorar áreas como microbiologia e tecnologia de alimentos.

A equipe produziu o estudo no decorrer dos 12 meses de vigência da pesquisa, mas foi além publicando um artigo científico que leva o mesmo título do projeto. Os estudantes integrantes deste trabalho são: Adhirson Silva, Diego da Silva, Gabriela Souza, Guilherme Santos, Maria Clara da Silva, Micael Silva, Paulo dos Santos, Raissa Cerqueira, Samuel Teixeira e Thalita Costa.

Pibic Jr está com inscrições abertas


No momento atual o edital Pibic Jr encontra-se aberto e disponível para submissões de projetos. Através da chamada, a Fapeal investe em iniciativas que não apenas se debruçam sobre a pesquisa, como envolvem o empreendedorismo inovador, olímpiadas do conhecimento e arte, cultura e economia criativa.

O intuito é desenvolver projetos junto aos estudantes da rede pública de ensino e dos Institutos Federais de Alagoas, abordando como o ensejo científico e empreendedor pode gerar impactos diretos na comunidade, contribuindo para a saúde pública, a economia local e a valorização do patrimônio cultural do estado.