Ministro me chamou para ser laranja e desviar dinheiro, diz candidata do PSL
Zuleide Oliveira implica diretamente chefe do Turismo; ela afirma que proposta foi feita no gabinete do parlamentar
Uma integrante do PSL em Minas Gerais afirma que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a chamou pessoalmente para ser uma candidata laranja na eleições de 2018, com o compromisso de que ela devolvesse ao partido parte do dinheiro público do fundo eleitoral.
Zuleide Oliveira, 41, inscrita na disputa a deputada estadual, fez uma denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais em 19 de setembro, mas obteve apenas uma resposta protocolar da Justiça Eleitoral.
A candidata é a primeira a implicar diretamente o hoje ministro no esquema de desvio de dinheiro público por meio de candidaturas de laranjas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
O caso foi revelado pela Folha no início de fevereiro e levou a queda de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Polícia Federal e Ministério Público de Minas investigam o esquema.
Zuleide diz em entrevista à Folha ter se encontrado com Álvaro Antônio em seu escritório parlamentar, em Belo Horizonte, em 11 de setembro, na companhia do marido e de um amigo.
Ela afirma não saber se algum dinheiro foi depositado porque o controle das contas bancárias ficou, segundo ela, com os dirigentes do partido.
"Eu não entendia de nada, eles que fizeram tudo [para registrar a candidatura], eu não tirei uma certidão minha, eles tiraram por lá, eu só enviei meu documento e eles fizeram tudo. Acredito, sim, que fui mais uma candidata-laranja, porque assinei toda a documentação que era necessária e não tive conhecimento de nada que eu estava fazendo (...) Fui usada, a minha candidatura foi usada para fazer parte de uma lavagem de dinheiro do partido", afirmou Zuleide.
Ela diz que, neste encontro, foi instada por Álvaro Antônio a assinar requerimento de solicitaço da verba, endereçaado ao entãoo presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno.
Procurado pela reportagem, o ministro do Turismo diz não se lembrar da reunião.
"Ele [ministro] disse pra mim assim: 'Então a gente vai fazer o seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo partidário pra você. (...) Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação. E eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$ 45 mil. Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa conta, é R$ 80 mil em materiais'", afirma Zuleide.
A reportagem teve acesso a emails e mensagens de áudio trocados por ela com cinco dirigentes do PSL mineiro, comandado à época por Álvaro Antônio, incluindo um recado escrito por Rodrigo Brito, então assessor parlamentar do ministro, com o endereço do escritório do político em Belo Horizonte.
Há também email do partido com requerimento para solicitação da verba da cota das mulheres a Bebianno.
"Marcelo ofereceu um monte de coisa", diz Zuleide, afirmando que o hoje ministro prometeu que ela ganharia uma vaga na Funai ou na secretaria de Saúde da região. Ela mora em Santa Rita de Caldas, a cerca de 50 km de Poços de Caldas, no sul do estado.
Zuleide acabou tendo o pedido de registro de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral devido a uma condenação em 2016, transitada em julgado, por uma briga com outra mulher. Ela enviou a sentença ao PSL de Minas por email no final de agosto.
"Eles já sabiam que não ia dar em nada [a candidatura, por ser ficha suja]. Hoje eu sei que eles sabiam que não iam aparecer meus votos, que eu não ia conseguir concorrer à s eleições porque eu estava com os direitos políticos suspensos. Eles sabiam de tudo isso. Ele quis falar para mim que não ia dar em nada [a condenação não seria problema] pra mim poder preencher a chapa?.
Zuleide afirma que tudo começou no fim de julho com um telefonema de uma assessora de Álvaro Antônio, Cláudia, questionando se ela não gostaria de sair candidata pelo PSL. Após o convite, foi para a convenção estadual do partido, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 28 de julho, ocasião em que teve o primeiro contato com Álvaro Antônio.
Após isso, Rodrigo, o assessor do político, passou a enviar mensagens solicitando documentos.
Álvaro Antônio era filiado ao PR e migrou junto com Bolsonaro para o PSL, tendo sido o deputado federal mais votado em Minas.
No comando estadual do PSL, foi o responsável pela montagem da chapa de candidatos do partido e definiu, com o aval da direção nacional, o repasse das verbas públicas da legenda aos candidatos.
Veja também
Últimas notícias
Jovens lideram casos de Aids em Alagoas este ano, aponta Ministério da Saúde
BRB disponibiliza pontos de atendimento para servidores municipais
Escolas estaduais promovem consulta pública para escolha de gestores escolares nesta quarta
[Vídeo] Morador denuncia abandono e reclama de buracos no Loteamento Porto Vitória
Manutenção programada afeta abastecimento de água em Maragogi neste sábado (6)
Polícia Militar de Alagoas efetua 36 prisões durante a 21ª edição da Operação Força Total
Vídeos e noticias mais lidas
“Mungunzá do Pinto” abre os eventos do terceiro fim de semana de prévias do Bloco Pinto da Madrugada
Família de Nádia Tamyres contesta versão da médica e diz que crime foi premeditado
Motociclista perde controle e cai na AL 220, em Limoeiro de Anadia
Promotorias querem revogação da nomeação de cunhada do prefeito de União
