Economia

Charque ‘desaparece’ da mesa do consumidor de Maragogi

Alto preço do produto fez alimento tradicional virar luxo nas casas

Por Maurício Silva 23/06/2021 14h02 - Atualizado em 23/06/2021 14h02
Charque ‘desaparece’ da mesa do consumidor de Maragogi
Charque ‘desaparece’ da mesa do consumidor de Maragogi - Foto: Isac Silva/7Segundos

Um dos alimentos mais tradicionais do nordestino está sumindo das mesas por conta do alto preço cobrado nos últimos meses: o charque. O produto praticamente desapareceu da mesa dos consumidores, principalmente de baixa renda, por causa do valor que é cobrado. Em Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas, a escassez da tradicional carne no prato se tornou uma realidade.

Charque desapareceu do prato do consumidor de baixa renda. Foto: Isac Silva

Com a inflação em alta em todo o Brasil, principalmente dos alimentos, o consumidor maragogiense tem buscado alternativas para substituir o charque na mesa. O produto custa em média de R$ 35,00, mas ele também é vendido pelo preço de até R$ 50,00 o quilo. O ovo tem se tornado a alternativa mais usada pelos consumidores.

O comerciante Carlos Gomes, de 38 anos de idade, mora no conjunto Adélia Lira “Grota” e adora comer charque, mas ele alega que atualmente não se pode comer a carne direto. “O charque realmente está um absurdo. O charque é uma comida típica nordestina que nós gostamos muito de comer um charque com quarenta, macaxeira e hoje está muito difícil de comprar o charque porque o preço aumentou demais. Hoje para se comer charque a pessoa tem que está com o salário bem gordinho. Hoje muita gente prefere comer salame, um ovo na mesa porque charque está um absurdo”, disse.

Charque está virando luxo na mesa do consumidor de baixa renda




A dona de casa Maria de Lourdes, de 58 anos, acha que o preço está totalmente exagerado. “Eu acho um absurdo! Hoje para comer um pedaço de charque tem que ganhar bem. Porque antigamente era barato, mas hoje está tudo lá em cima [o preço]. A gente ganha um salário pouco e a carne deu uma subida demais, principalmente o charque. Avé Maria! Está um absurdo! Pelo amor de Deus!”, apelou.

Carmem Lúcia Conceição dos Santos, de 59 anos, é outra consumidora revoltada. “Está muito caro! A gente não consegue comprar um quilo de charque porque não tem condições. O salário da gente é pouco e o charque é caro. A gente não tem condições de comprar um quilo de charque para comer”, contou a dona de casa.

Vendas caíram

Mas se o alto preço do charque prejudicou o consumidor das classes média e baixa, também foi ruim para os comerciantes. Sebastião Silva Nascimento, de 52 anos, tem um mercadinho no conjunto Adélia Lira e viu as vendas do produto diminuírem nesse período de inflação alta.

Vendas também caíram em Maragogi. Foto: Isac Silva


Seu Tião, como ele é conhecido em Maragogi, revelou que o produto não está em falta, mas é o consumidor que não vem comprando. “Não tem dificuldade para a gente adquirir o charque. Agora o preço é que atrapalha a venda. O consumidor é só pela misericórdia porque não tem condições. As vendas de charque diminuíram bastante. Quem comprava 2kg; hoje compra R$ 5,00 para colocar no feijão. Ficou ruim para quem vende e ruim para quem compra”, finalizou.