Charque ‘desaparece’ da mesa do consumidor de Maragogi
Alto preço do produto fez alimento tradicional virar luxo nas casas
Um dos alimentos mais tradicionais do nordestino está sumindo das mesas por conta do alto preço cobrado nos últimos meses: o charque. O produto praticamente desapareceu da mesa dos consumidores, principalmente de baixa renda, por causa do valor que é cobrado. Em Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas, a escassez da tradicional carne no prato se tornou uma realidade.
Com a inflação em alta em todo o Brasil, principalmente dos alimentos, o consumidor maragogiense tem buscado alternativas para substituir o charque na mesa. O produto custa em média de R$ 35,00, mas ele também é vendido pelo preço de até R$ 50,00 o quilo. O ovo tem se tornado a alternativa mais usada pelos consumidores.
O comerciante Carlos Gomes, de 38 anos de idade, mora no conjunto Adélia Lira “Grota” e adora comer charque, mas ele alega que atualmente não se pode comer a carne direto. “O charque realmente está um absurdo. O charque é uma comida típica nordestina que nós gostamos muito de comer um charque com quarenta, macaxeira e hoje está muito difícil de comprar o charque porque o preço aumentou demais. Hoje para se comer charque a pessoa tem que está com o salário bem gordinho. Hoje muita gente prefere comer salame, um ovo na mesa porque charque está um absurdo”, disse.
A dona de casa Maria de Lourdes, de 58 anos, acha que o preço está totalmente exagerado. “Eu acho um absurdo! Hoje para comer um pedaço de charque tem que ganhar bem. Porque antigamente era barato, mas hoje está tudo lá em cima [o preço]. A gente ganha um salário pouco e a carne deu uma subida demais, principalmente o charque. Avé Maria! Está um absurdo! Pelo amor de Deus!”, apelou.
Carmem Lúcia Conceição dos Santos, de 59 anos, é outra consumidora revoltada. “Está muito caro! A gente não consegue comprar um quilo de charque porque não tem condições. O salário da gente é pouco e o charque é caro. A gente não tem condições de comprar um quilo de charque para comer”, contou a dona de casa.
Vendas caíram
Mas se o alto preço do charque prejudicou o consumidor das classes média e baixa, também foi ruim para os comerciantes. Sebastião Silva Nascimento, de 52 anos, tem um mercadinho no conjunto Adélia Lira e viu as vendas do produto diminuírem nesse período de inflação alta.
Seu Tião, como ele é conhecido em Maragogi, revelou que o produto não está em falta, mas é o consumidor que não vem comprando. “Não tem dificuldade para a gente adquirir o charque. Agora o preço é que atrapalha a venda. O consumidor é só pela misericórdia porque não tem condições. As vendas de charque diminuíram bastante. Quem comprava 2kg; hoje compra R$ 5,00 para colocar no feijão. Ficou ruim para quem vende e ruim para quem compra”, finalizou.