'Avassalador', diz médica que viu 3 crianças morrerem sem vacina
Casos foram registrados no Hospital Infantil João Paulo II, em BH

A rotina exaustiva, tanto emocional como física, de uma profissional de saúde de Belo Horizonte que está na linha de frente contra a Covid-19, não deixou de ser difícil mesmo após dois anos de pandemia. Apenas na última semana, a residente de pediatria Marina Paixão de Madrid Whyte, de 27 anos, viu três crianças morrerem com a suspeita da doença no Hospital Infantil João Paulo II.
“Quando uma criança morre, nós perdemos toda a vida que ela teria pela frente. Parece que uma luz se apagou. É uma sensação avassaladora”, diz sobre acompanhar a evolução do quadro dos pacientes ao óbito.
Os casos se tornaram públicos após a médica fazer um relato pelas redes sociais. Há 40 dias atuando no CTI (Centro de Tratamento e Terapia Intensiva) da unidade de saúde, Marina relata que o número de registros de Covid-19 têm aumentado. “Eu não sei se fui inocente, mas eu acreditava que a situação estaria melhor depois de dois anos. Na verdade, os casos de crianças infectadas com o vírus e que evoluem mal estão crescendo. Os profissionais de saúde estão exaustos. Estamos lidando com uma carga muito pesada, emocional e física”.
As três crianças que vieram a óbito no Hospital Infantil João Paulo II, segundo a médica, não tinham se vacinado. A situação é um reflexo da imunização infantil em Belo Horizonte. Dados da prefeitura apontam que apenas 33% do público infantil convocado tomou a primeira dose. Segundo um levantamento parcial da Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 90 mil pessoas dessa faixa etária já poderiam ter se imunizado na capital.
A Fhemig (Fundação Hospitalar de Minas Gerais ), responsável pela administração do Hospital Infantil João Paulo II, informou que não é autorizada passar informações dos pacientes. A reportagem entrou em contato com o Governo de Minas Gerais para confirmar se os casos foram notificados ao estado, mas, até o momento não obteve retorno.
Segundo o boletim divulgado nesta quinta-feira (3) pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), das 57.575 mortes confirmadas em Minas pela doença, 0,8% foi entre crianças com menos de 1 ano e 2,7% entre o público até 10.
Ocupação infantil
Nesta quinta-feira (3), 100% na enfermaria e 69% na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátricas estão ocupadas no Hospital Infantil João Paulo II. Segundo a Fhemig, em janeiro deste ano, 10 leitos foram abertos na unidade para atender os casos mais graves. A instituição não precisou quantas unidades são destinadas à Covid-19.
Diante dos dados, a profissional vê a vacinação como a saída para mudar a situação da ocupação dos leitos infantis para a doença. “Todo o cuidado de pediatria é feito pelo médico com a família. Nesse momento, mais do que nunca, a gente precisa que as famílias se informem. Vacinem seus filhos, por favor!”.
Veja também
Últimas notícias

“Pintou um clima": Bolsonaro é condenado por fala sobre venezuelanas

Homem será indenizado após aparecer nu em imagem do Google Street View na Argentina

Alfredo Gaspar reafirma compromisso com Rio Largo e entrega quase R$ 2 milhões para saúde, agricultura e desenvolvimento social

Maragogi realiza primeira edição da Prefeitura Itinerante com mais de 300 atendimentos em Peroba

MPF realiza nova inspeção no HU para avaliar ampliação de serviços oncológicos

“Não está claro o que posso ou não falar”, diz Bolsonaro em visita à sede do PL
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
