Educação

Leitura e treino da escrita são as dicas dos feras da redação do Enem

Estudantes do campus Maragogi, que passaram dos 900 pontos na dissertação, contam o que fizeram para turbinar a nota do texto

Por Assessoria 17/02/2022 09h09
Leitura e treino da escrita são as dicas dos feras da redação do Enem
Leitura e treino da escrita são as dicas dos feras da redação do Enem - Foto: Assessoria

Escrever muito e ler bastante. Essas são as receitas valiosas de Álvaro Pessôa Soares, Gabrieli Camily Morais Oliveira e Victor Silva dos Santos, todos com 19 anos, que alcançaram notas altas na redação do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Álvaro fez 960 pontos, ela marcou 940 e Victor atingiu 920 na dissertação, que teve por tema a “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil".

Veterano de Exame, Álvaro atingiu 600 pontos no texto de 2019 mesmo sem ter se preparado bem. Decidiu treinar para valer só em 2021. “O que mudou do meu primeiro Enem para esse foi o número de vezes que pratiquei redação. Eu fiz nenhuma no primeiro. Nesse, fazia duas ou mais por semana”, contou o estudante do 4° ano do curso de Agroecologia do Instituto Federal de Alagoas, campus Maragogi. O rapaz pretende cursar Enfermagem se conseguir passar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Gabrieli Camily Morais Oliveira teve preparação parecida. Participou de workshop para encontrar a melhor maneira de escrever o texto exigido pelo Enem. Depois colocou em prática o conhecimento, fazendo até seis redações por mês envolvendo temas variados. Teve ainda aulas de reforço e tira-dúvidas com a professora de Português do campus. “Treinar é a principal dica, pois assim você descobre a sua maior dificuldade em escrever e encontra um jeito de melhorar isso”, afirmou a aluna de Agroecologia de Maragogi ao acrescentar que foco e dedicação também são importantes.

O hábito da leitura é outro pilar importante para turbinar a pontuação. Álvaro começou a ler bastante quando a pandemia de Corovírus começou há dois anos. Ele contou que passou a ser mais prudente na escrita depois folhear livros de ficção. Com Gabrieli, o bom texto no Enem nasceu naturalmente. “O meu hábito de leitura sempre foi um hobby e, de certo modo, me ajudou a ter repertório para alguns temas”, disse a jovem que quer cursar Letras.

Vale pesquisa do IBGE, cinema e filosofia para convencer o leitor

Se a leitura e a escrita são as colunas da redação, a criatividade faz o papel do cimento. Na hora da prova, vale tudo para aprimorar a composição desde que dê sentido ao texto e respeite a Língua Portuguesa. Álvaro juntou a pesquisa do IBGE, de 2015, sobre registro civil com o seriado de televisão. “Meu argumento foi essa pesquisa com um episódio de Greys Anatomy referente ao tema. Também citei a falta de fiscalização em relação ao registro e o caso das pessoas que não são devidamente informadas em relação aos seus direitos a partir desse documento”, elencou.

O aluno do campus Maragogi externou que se assustou quando abriu a prova e viu o assunto. “Eu me desesperei. Li os textos de apoio, tomei água e fui fazer outras questões enquanto meu cérebro pensava o tema”, descreveu a situação. Só quando se acalmou, o rapaz começou a desenvolver o conteúdo que atendesse às exigências da banca.

O choque foi do mesmo tamanho para Gabrieli. “Achei bastante difícil, não esperava que o tema seria esse e na hora eu pensei que não saberia falar, mas aos poucos fui conseguindo escrever a redação”, disse. Como repertório, usou a Declaração dos Direitos Humanos para ressaltar o direito social de todos. No desenvolvimento, fez uma alusão histórica à escravidão para mostrar que as pessoas daquela época não tinham reconhecimento como cidadãos. Citou ainda o filme “Caixa de Pássaros” para apresentar exemplos de pessoas sem documentos. A obra mostra a vida de uma família num mundo pós-apocalíptico sem documentos, moradia, trabalho e cercada de criaturas estranhas.

Com 920 pontos na redação, o estudante de Hospedagem do campus Maragogi, Victor Silva dos Santos, utilizou em sua composição o escritor Manoel de Barros. “Abordei a teologia do traste, a qual reside em dar valor às situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. De maneira geral, a população não vê tanta importância em ter registro de nascimento. Normaliza tirá-lo, mas não sabe o valor que está por trás dele”, explicou. O termo sociedade líquida, proposto pelo filósofo Zygmunt Bauman, foi outro elemento do repertório. Essa teoria trata do individualismo e relações frágeis da sociedade.

Os participantes do certamente precisaram escreveram um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, a partir da situação-problema proposta na prova, dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo da formação. O trabalho foi do tipo opinativo e organizado para a defesa de um ponto de vista. A opinião do autor deve estar fundamentada com explicações e argumentos. Ele é dissertativo porque discursa sobre um assunto proposto, descreve-o e o explica. É também argumentativo, uma vez que defende uma visão e tenta convencer o leitor com alegações.