Lula chama Bolsonaro de ‘o coisa’ e diz esperar que ele seja julgado por mortes na pandemia
Presidente tacha antecessor dele de ‘genocida’ e diz que Jair Bolsonaro estimulou ódio na sociedade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas nesta terça-feira (5) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que ele foi responsável por disseminar ódio na sociedade brasileira. Referindo-se a Bolsonaro como “o coisa”, o chefe do Executivo confessou esperar que o ex-presidente seja julgado pela quantidade de mortes no país causadas pela pandemia de Covid-19.
“Uma das coisas que mais quero é acabar com o ódio. Você pode não gostar de mim, não tem problema nenhum, eu não estou pedindo você em casamento. Eu só quero que você seja civilizado. Eu te respeito e você me respeita. Eu não posso te ofender, destratar você. Isso tudo foi criado pelo ódio, disseminado no Brasil pelo ‘coisa’”, disse o presidente.
“‘O coisa’. Que eu sempre falo que ele vai ser julgado ainda como genocida. Ele vai ser julgado. Porque não é brincadeira terem morrido 700 mil pessoas aqui, uma grande parte por falta de cuidado do governo, por falta de orientação do governo, por falta de respeito com a medicina, a ciência”, acrescentou Lula.
As falas do presidente ocorreram durante live nas redes sociais. Segundo Lula, o ex-presidente não pode deixar de ser alvo de “uma investigação correta”. “Não é o Lula que quer, eu não quero nada. Eu quero que ele tenha direito à presunção de inocência em todos os processos, mas não dá para deixar esse cidadão passar sem uma investigação correta. Por que morreu tanta gente no Brasil? Por que tanto descaso? E fora as outras coisas que estão aparecendo por aí”, ressaltou.
Lula ainda criticou o ex-presidente por ter deixado o Brasil dias antes de ter terminado o mandato, no fim de 2022. “Um cidadão que não tem coragem de passar a faixa, um cidadão que se esconde porque estava prevendo um golpe… Ele queria dar um golpe da forma mais mesquinha possível. Disputou uma eleição, ganhou. Com medo de perder [a eleição seguinte], diz que a eleição não era correta, que tinha falha não sei das quantas”, criticou Lula.
O R7 entrou em contato com o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, para comentar as falas do presidente, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula já havia chamado Bolsonaro de genocida, mas a Justiça eleitoral determinou que o vídeo com a expressão fosse retirado do ar, atendendo a um pedido do PL. No argumento da defesa, "o termo 'genocida' não é um adjetivo qualquer, mas sim palavra de conteúdo pejorativo gravíssimo, utilizada para imputar crime contra a humanidade, consubstanciado em extermínio de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso".