Meio ambiente

MPF obtém decisão judicial para suspender turismo na Lagoa Azul de Maragogi

Informação foi divulgada nesta quinta-feira (24)

Por 7Segundos, com Assessoria 24/04/2025 08h08 - Atualizado em 24/04/2025 08h08
MPF obtém decisão judicial para suspender turismo na Lagoa Azul de Maragogi
Lagoa Azul fica na Praia de Antunes - Foto: Ascom Sedetur

A Justiça Federal atendeu ao pedido do Ministério Público Federal (MPF) e manteve a suspensão de todas as atividades turísticas na Lagoa Azul, localizada na Praia de Antunes, no município de Maragogi. A sentença declarou a nulidade de decreto municipal e confirmou a prevalência das normas federais de proteção ambiental sobre interesses econômicos locais que poderiam comprometer ecossistemas marinhos sensíveis. A informação da decisão foi divulgada nesta quinta-feira (24)

O Decreto Municipal nº 46/2022 havia criado uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) para a Lagoa Azul, autorizando visitações embarcadas e exploração turística em desacordo com o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. Segundo o MPF, a continuidade dessas atividades representaria grave ameaça à biodiversidade local, especialmente aos recifes de coral e a espécies ameaçadas de extinção, como o peixe-boi marinho. Dessa forma, ajuizou uma ação civil pública em janeiro de 2025.

Ainda em janeiro, o MPF obteve decisão liminar suspendendo os efeitos do decreto. A decisão foi confirmada posteriormente pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) em recurso do município para reverter a suspensão sob a alegação de prejuízos econômicos.

Decisão 

De acordo com a decisão de 15 de abril, o município não poderia autorizar atividades turísticas sem a realização prévia de estudos técnicos detalhados, ampla consulta pública e gestão compartilhada com o poder público federal, conforme determina a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985/2000).

“A decisão, fundamentada em critérios estritamente técnicos, rejeita claramente iniciativas que priorizam a exploração econômica sem a devida análise dos danos ambientais irreversíveis. O Judiciário reconheceu que não se pode flexibilizar a legislação ambiental em nome de interesses econômicos imediatos”, destaca o procurador da República, Lucas Horta, responsável pelo caso.

Proteção da biodiversidade – A APA Costa dos Corais, criada em 1997, é a maior unidade de conservação marinha costeira do Brasil, estendendo-se por mais de 120 km entre Tamandaré (PE) e Maceió (AL). A área protege ecossistemas essenciais como manguezais e recifes de corais, além de servir como refúgio para espécies ameaçadas.

Com a decisão, novas atividades na região só poderão ser autorizadas mediante estudos técnicos e consultas públicas, promovendo o diálogo entre os entes federativos e fortalecendo a cooperação na gestão ambiental.