Protesto interrompe reunião na Câmara de Vereadores de Arapiraca
Parlamentares alteraram agenda para atender professores da rede municipal
O protesto realizado por professores da rede municipal de ensino arapiraquense interrompeu uma reunião sobre o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que acontecia na Câmara de Vereadores na manhã dessa terça-feira (4).
A manifestação do pessoal em greve há mais de dois meses alterou a agenda dos parlamentares que debatiam a LDO com os consultores jurídicos do Legislativo. De acordo com a assessoria da Câmara, a reunião foi coordenada pelo Núcleo Regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) e contou com a presença de cerca de 200 professores na galeria da Câmara Municipal.
Os profissionais do magistério pedem aumento de 7,64%. O governo que oferece 2,33% a partir de setembro cortou o salário do pessoal que aderiu à paralisação que a justiça não considera ilegal, conforme declarações feitas durante a audiência realizada na Câmara de Vereadores com autorização da Mesa Diretora que viabilizou o diálogo entre parlamentares e professores.
Participaram da reunião os vereadores Moisés Machado, Professora Graça, Rogério Nezinho, Willomaks da Saúde, Melquisedeque de Oliveira, Léo Saturnino, Gilvania Barros, Fabiano Leão, Pastor Marcos Caetano, Thiago ML, Fábio Henrique e Sérgio do Sindicato.
“Cobrados pela presidente do Sinteal em Alagoas, Consuelo Correia, se os vereadores estariam em recesso, o vice-presidente Moisés Machado disse que, por sugestão sua, foi acatada a decisão de todos os vereadores só entrarem de recesso, que deveria iniciar esta semana, só retornando a partir de primeiro de agosto, quando os professores retornassem as aulas, em apoio a categoria”, informa a assessoria da Câmara de Vereadores de Arapiraca.
O vereador Fábio Henrique protestou contra as declarações de um subsecretário da administração municipal que afirmou que os professores não tinham direito a reivindicar reajuste salarial, principalmente pela sua capacidade profissional.
Fábio Henrique chegou a dizer na tribuna que sairia às ruas com os manifestantes e que o próprio subsecretário, cujo nome não dito pelo vereador, também criticou o Ideb de Arapiraca.
Já o vereador Willomaks da Saúde disse que os 2,33% oferecidos pela administração municipal não atendem as necessidades da categoria e que é favorável ao desconto dos dias parados, deixando claro que a medida provoca a continuação do movimento.
A Professora Graça fez questão de lembrar que o Poder Legislativo sempre esteve presente nas negociações entre a categoria e o governo, evidenciando que cada um tem sua independência e que até se sentia impotente para exigir mais do prefeito Rogério Teófilo, principalmente porque não pode obrigá-lo a conceder o reajuste, como também não pode obrigar os professores a retornar às salas de aula.
Ela disse ainda que, por dezenas de vezes, esteve conversando com o prefeito e com o corpo técnico da Secretaria Municipal de Educação, onde compareceu na última sexta-feira (30), apesar do ponto facultativo dado pela administração, para saber de Rogério Teófilo como estavam as negociações com os professores.
O vereador Rogério Nezinho também se manifestou, afirmando que a situação da Educação em Arapiraca está muito triste porque cerca de 32 mil alunos estão fora das salas de aula e questionou as palavras do prefeito Rogério Teófilo, que tem falado muito em dialogo e transparência, mas nega o boletim informativo solicitado pela categoria. Nezinho disse também que é preciso formar uma comissão de vereadores para ir até as escolas verificar se há merenda escolar e concluiu afirmando que os 17 vereadores arapiraquenses apoiam os professores.
Outro pronunciamento bastante contundente foi do vereador Sérgio do Sindicato. Ele afirmou que vai entrar com um requerimento solicitando que o prefeito Rogério Teófilo envie à Câmara Municipal a folha de pagamento com a relação dos contratados.
Sérgio denunciou que foi informado que a administração municipal estaria promovendo um verdadeiro ‘festival de contratações’, inclusive alguém para prestar assessoria com salário de 30 mil reais para trabalhar dois dias na semana, o que ele considerou injusto. Para o vereador, as contratações com salários altos impedem a concessão do reajuste aos professores.
O Pastor Marcos Caetano também ressaltou que os vereadores estão atentos a luta da categoria e o Poder Legislativo apoia porque é um direito dos professores. Ele lembrou que a Câmara aprovou o projeto do IPTU para que a administração municipal arrecadasse mais e assim pudesse conceder reajuste salarial.
Já entre os professores que usaram a tribuna, destaque para o professor Arnaldo Rocha que fez várias críticas contra a atual gestão.
“Célia Rocha era o coração da educação, o Luciano Barbosa os olhos e o Rogério Teófilo é o fígado da educação. Rogério está acabando com a educação. Se ele achou que iria fragilizar a greve, pensou errado porque agora o movimento ficou mais fortalecido", disse o professor na assembleia, segundo a assessoria da Câmara.