Saúde

Filho diz que idoso com morte suspeita de Covid-19 não teve corpo reconhecido pela família em Arapiraca

Hospital de Emergência do Agreste diz que seguiu os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde

Por 7 Segundos 08/05/2020 19h07
Filho diz que idoso com morte suspeita de Covid-19 não teve corpo reconhecido pela família em Arapiraca
Idoso foi enterrado com suspeita de Covid-19 - Foto: Ewerton Silva (7 Segundos)

Leôncio Alves de Oliveira, de 71 anos, faleceu com suspeita de Covid-19, nesta sexta-feira (8), no Hospital de Emergência do Agreste em Arapiraca. A família alega que não fez o reconhecimento do corpo. O Hospital diz que seguiu os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde.

De acordo com o filho do idoso, José Claudio Nunes de Oliveira, o hospital não deixou que ele confirmasse se o corpo era do pai. “Hoje pela manhã fui avisado que meu pai entrou em óbito e ao chegar no Hospital o pessoal da assistência social, junto com o administrador da UTI me informaram que simplesmente meu pai entrou em óbito, e ao pedir o reconhecimento, que eu queria ver, que eu acho que é o mínimo que poderia ser feito, porque você num momento desse, de muita dor, você ter um pai, que tanto ama, que se dedicou a vida toda pelos filhos, pela família, é o básico querer ver o seu pai pela última vez, e não me concederam. Disseram que não podia porque já tinha sido envelopado, que são os tramites que a secretaria de saúde solicita e eu tentei conversar, mas não teve êxito, foram rigorosos e falaram que tinha que ser feito dessa forma”.

José Cláudio alega que na quarta-feira (6) ele foi chamado pelo hospital, para ser informado sobre a gravidade de saúde do pai, que estava isolado na UTI, com mais duas pessoas, também suspeitas de Coronavírus, e que caso acontecesse o óbito alguém da família iria reconhecer o corpo. “Eles foram muitos claros ao dizer que em caso do óbito, dos pacientes que estão isolados na UTI 3, e sem o resultado do exame, ainda como suspeitos, não ia poder fazer o velório, não ia poder enterrar no túmulo da família, mas um da família ia ser conduzido para o reconhecimento do corpo, com uma preparação”.

“A gente vendo um pai da gente, que a pessoa tanta ama, e não poder se despedir, sem um velório digno. A dor e a revolta são grandes, principalmente da gente não pode fazer o reconhecimento, com o caixão lacrado e a gente sem saber se realmente é o meu pai”, desabafa.

A família disse ainda que possui três túmulos, dois no povoado Pau D´Arco e um no Pio XII, mas só puderam enterrar o pai no Cemitério Santo Antônio, nas Guaribas. “A gente tentou colocar no túmulo da família, mas fomos informados que não podia, e fica a indignação. As autoridades responsáveis vejam com mais amor e respeito, a gente que somos seres humanos e o mínimo que a gente pode ter é respeito e consideração, como se meu pai, e outros que podem vim, fosse um lixo, colocaram num saco de lixo e jogaram num buraco”.

De acordo com a assessoria do Hospital de Emergência do Agreste, “a unidade hospitalar está seguindo todos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde. Se o caso foi suspeita ou confirmação de Covid-19, o protocolo é esse mesmo, no país inteiro, infelizmente, e identificação é o primeiro protocolo”.

Ainda, segundo a assessoria, o chefe da UTI Covid-19 afirmou que o hospital seguiu todos os protocolos.

Histórico no paciente 

Segundo a família, Leôncio Alves de Oliveira teve um AVC no dia 18 de abril e foi internado no Hospital Regional em Arapiraca, sendo transferido para HGE em Maceió, onde permaneceu por sete dias. Recebeu alta, e voltou a passar mal no dia 27 de abril, quando foi internado no HEA e faleceu nesta sexta-feira (8).