Professor da Ufal participa de pesquisa sobre estado nutricional de crianças
Público avaliado foi de 0 a 6 anos atendido pelo Programa Bolsa Família; relatório colaborou com construção de política pública
O professor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Ufal, José Alexandre Jr, participou do trabalho de acompanhamento do estado nutricional de crianças beneficiárias do Bolsa Família. Um relatório divulgado neste mês de janeiro pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) mostra o resultado dos dados coletados, anualmente, em crianças de 0 a 6 anos.
“O meu trabalho nesse relatório compreendeu a coleta, a organização e a análise dos dados extraídos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Trata-se de dados coletados pelas equipes de Atenção Primária da Saúde referentes ao período de 2019 a 2023”, explicou o professor José Alexandre, que está cedido à Secretaria Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, do Governo Federal.
De acordo com o docente da Ufal, o relatório sinaliza um efeito positivo do Programa Bolsa Família que é refletido no estado nutricional das crianças avaliadas na pesquisa. O estudo mostra a evolução dos indicadores Altura x Idade e Índice de Massa Corporal (IMC)/Idade divididos em três grandes análises de acompanhamentos. Em todas elas os resultados permitem associar a permanência das crianças no PBF com a melhoria da alimentação.
O professor José Alexandre Jr. realizou a pesquisa sob a coordenação do diretor de Vigilância do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), Alexandre Arbex Valadares, e fez parte da equipe responsável pela Nota Técnica divulgada pelo Ministério.
“Acredito que estou ajudando a Ufal a cumprir a sua função social, na medida em que, ajudo a monitorar políticas importantes cuja finalidade é transformar a realidade de uma grande parcela da sociedade brasileira. Particularmente, concentramos nossos esforços em alcançar a parte da população que mais precisa, ajudando no combate à fome, a princípio, e à pobreza”, refletiu.
Principais resultados
De acordo com o relatório do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o público da primeira infância é considerado prioritário no estudo porque a maioria de crianças nessa faixa etária não tem acesso à creche ou pré-escola, ficando fora da cobertura do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Além disso, a primeira infância é uma fase decisiva para o desenvolvimento cerebral e a capacidade de aprendizado das crianças. Entre os principais resultados, o professor José Alexandre destaca que no grupo de crianças com baixa ou muito baixa estatura para idade em 2019, 77,51% já estavam com altura adequada ao final da pesquisa, em 2023.
Outro dado importante foi relacionado a magreza ou magreza acentuada, que mostrou que 64,35% das crianças nessas condições durante o primeiro ano do estudo já haviam atingido o IMC/Idade adequado em 2023. E na análise das crianças com sobrepeso ou obesidade, fatores também considerados de risco à saúde infantil, 56,76% delas alcançaram IMC adequado para a idade no ano final do estudo.
A Nota Técnica ainda destaca as mudanças positivas no estado nutricional das crianças atendidas pelo Programa Bolsa Família que tinham entre 0 e 6 anos em 2022 e atingiram níveis adequados para estatura e peso já no ano seguinte. Isso ocorreu para 65,14% das que estavam com baixa ou muito baixa estatura para a idade, e 57,99% das que apresentavam magreza ou magreza acentuada. Os efeitos também foram sentidos na redução do sobrepeso e da obesidade entre 36,99% das crianças nessas condições.
“A melhora do estado nutricional do público de primeira infância beneficiário do Bolsa Família responde à estratégia do programa de ampliar a cobertura dos benefícios dirigidos a essa faixa etária. Tal estratégia foi fortalecida, em 2023, com a criação do Benefício de Primeira Infância (BPI), que paga o valor extra de R$ 150 por criança de 0 a 6 anos às famílias do PBF”, ressaltou o documento sobre a política pública que o estudo ajudou a construir.