Temer conseguirá a proeza de ser refundador do caos, diz Renan
Uma semana depois de renunciar à liderança do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) partiu para o ataque contra o governo do presidente Michel Temer, seu correligionário, agora sem meias palavras.
Em vídeo divulgado nesta quinta-feira (6) em suas redes socias, o senador afirmou que Temer "conseguirá a proeza de ser o refundador do caos".
O peemedebista disse ainda que o governo Temer, "mesmo badalado pelo mercado, vai aprofundar o abismo", listando fatos recentes do governo, como os problemas de orçamento da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
A PRF (Polícia Polícia Rodoviária Federal) anunciou na manhã desta quarta (5) a suspensão imediata de diversos serviços e a redução do patrulhamento nas rodovias a partir desta quinta. Com limites para aquisição de combustível, manutenção e diárias, a corporação diz que adotará as medidas para adequação à "nova realidade orçamentária", diante do contingenciamento imposto pelo governo federal.
Já a Polícia Federal anunciou a suspensão da emissão de novos passaportes sob a justificativa de "insuficiência do orçamento" no último dia 27. Antes de os recursos acabarem, informou a PF, foram enviados ao menos 10 ofícios ao governo alertando sobre a situação.
A renúncia ao posto de líder do PMDB no Senado foi anunciada em um discurso no plenário da casa com mais críticas ao governo Temer, como já vinha fazendo há semanas. No pronunciamento, Renan disse que não tem "vocação para marionete".
"Devolvo o honroso cargo que me confiaram. Procurei exercer [a liderança] com dignidade, sempre orientado pelos objetivos mais permanentes do país", declarou.
Renan disse que renunciava por não compactuar com as ideias do governo e as reformas propostas pelo poder Executivo, especialmente a trabalhista. "Não odeio Michel Temer. Isso não é verdade. O que não tolero é sua posição covarde diante do desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho [CLT]".
Nesta terça (4), o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) foi eleito para suceder Renan na liderança do partido na Casa.
Bate-boca com Jucá indicou renúncia
Na terça-feira da semana passada, Renan teve um bate-boca ríspido com o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que o ameaçou de tirá-lo da liderança do partido no Senado caso Calheiros quisesse votar contra a reforma trabalhista.
O alagoano retrucou e disse que se fosse para tirar direitos dos trabalhadores, preferiria deixar a liderança da legenda. Em seu discurso na ocasião, ele acusou o presidente de se render aos desmandos de um "presidiário de Curitiba", referindo-se ao deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que Temer deveria seguir uma sugestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e renunciar ao mandato.