Caso Izabelle: Taurus será investigada por defeitos em arma
O programa Fantástico da emissora Rede Globo mostrou em reportagem especial nesse domingo (12), os laudos e uma simulação realizada pela Polícia Federal (PF) de uma submetralhadora da marca Taurus, mesmo modelo que mantou a soldado da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) Izabelle Pereira dos Santos, 24 anos, no dia 30 de agosto de 2014. O laudo aponta que o modelo da arma do caso Izabelle apresentou defeito.
De acordo com o laudo, a arma disparou uma rajada contra a militar quando só poderia ter disparado, no máximo, dois tiros por vez. Izabelle Pereira foi atingida por 17, dos 30 tiros de submetralhadora Taurus. A jovem estava realizando rondas em uma viatura da Radiopatrulha, no bairro São Jorge, em Maceió, quando tudo aconteceu.
Na reportagem, os peritos alagoanos fazem a simulação do que teria acontecido no momento em que a arma realizou os disparos. Haviam duas submetralhadoras no veículo e uma delas estava com o cano voltado para o banco de trás, onde a soldado estava. Na mesma viatura estavam os policiais militares José Rogério Mariano da Silva, comandante da guarnição, Samuel Jackson Ferreira de Lima e José Bartolomeu Ferreira da Silva, condutor da viatura.
A simulação feita pela PF aponta que arma, mesmo estando destravada não deveria realizar a quantidade de disparos, já que a submetralhadora possui três opções, mas nenhum delas para rajada. Na posição S, a submetralhadora fica travada, já o número 1 significa um tiro e o número 2, dois tiros.
Os peritos da PF analisaram o caso e chegaram a seguinte conclusão: é possível que com a movimentação do veículo e o atrito entre a carenagem do banco no encaixe do cinto de segurança, o seletor de tiros da arma tenha saído da posição S e ido para a posição 2. Ainda de acordo com os peritos, uma peça chamada alavanca do ferrolho da outra submetralhadora - que estava em posição contrária - pode ter acionado o gatilho da arma que matou Izabelle.
A PF confirmou que a submetralhadora disparou uma rajada contra a soldado - o que não deveria acontecer. No laudo, a PF classificou o resultado como um incidente de tiro.
O advogado da família da Izabelle, Silvio Souza, afirma na reportagem que não tem dúvida alguma de que a arma apresentou defeitos.
O Fantástico procurou a empresa Taurus, que detém 90% do mercado brasileiro de armas leves e está sob suspeita há pelo menos cinco anos, mas a empresa não quis gravar entrevista. Em nota, o exército - responsável pela liberação e fiscalização das armas no Brasil - se pronunciou e, em sua defesa, citou laudo do Instituto de Criminalística de Alagoas (IC/AL) que é contrário à análise da PF e descarta a rajada total. O IC de Alagoas aponta más condições de uso e manutenção da submetralhadora que matou a soldado Izabelle.
Para ter dimensão exata do que está acontecendo com a Taurus, o Ministério Público Federal (MPF) de Sergipe pediu a todas as Secretárias de Segurança Pública do país que relatassem se armas dessa empresa apresentaram algum tipo de defeito. Dezoito estados e mais o Distrito Federal disseram que sim, quatro estados não responderam e outros quatros disseram que não encontraram defeito. Em Sergipe um dos problemas foi com a modelo PT 24/7 que mesmo carregada a arma não disparou.
O MPF de Sergipe entrou com uma ação na justiça contra a Taurus e pede uma indenização de R$ 40 milhões aos cofres públicos e que seja feita revisão em dez modelos de armas vendidas no país.
Nos Estados Unidos a empresa também teve problemas. A Taurus deve desembolsar 69 milhões de reais entre revisões, trocas e recargas.
No Brasil, a Procuradora Geral da República também exigiu mudanças no decreto do governo federal, em vigor há 17 anos, que restringe a importação de armas.
Em entrevista ao Fantástico, Cláudio Silva dos Santos, pai de Izabelle, cobrou responsabilização do fabricante da arma. "Se não fosse isso, minha filha poderia estar viva".
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