Saúde

Infectologista do Conselho Regional de Medicina alerta: “Nada substitui a quarentena”

Normângela Barreto defende recomendação da Organização Mundial de Saúde

Por Agência Alagoas 19/04/2020 11h11
Infectologista do Conselho Regional de Medicina alerta: “Nada substitui a quarentena”
Ficar em casa serve como meio de diminuir a propagação da doença, alerta infectologista - Foto: Agência Alagoas

A higienização pessoal, o uso de máscaras e o distanciamento físico estão entre as principais medidas preventivas no combate ao novo coronavírus. Mas nenhuma é mais importante que o isolamento social. “Você não pode substituir a quarentena por nada”. O alerta foi emitido mais uma vez pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nos últimos dias.

A utilização de máscaras, por exemplo, é apoiada pela entidade desde que “seja parte de uma estratégia mais abrangente”, como a realização contínua de testes, o isolamento e tratamento de casos, e a educação das comunidades. As demais medidas de saúde pública – como lavar as mãos com frequência e manter o distanciamento físico durante eventual necessidade de circulação – também devem ser mantidas.

A médica infectologista Normângela Barreto, integrante do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CRM/AL), endossa o posicionamento da OMS. “O momento pede quarentena total. Ficar em casa serve como meio de diminuir a propagação do coronavírus, além de promover tempo aos serviços de saúde para que eles se organizem e se adequem para lidar com a situação”, reforça.

Pode ser cansativo, mas não há outra saída senão bater na mesma tecla: “Como ainda não fazemos teste em massa, não conseguimos isolar apenas os que estão doentes ou portadores assintomáticos, então, a quarentena é a melhor saída no momento”, explica a especialista.

A sociedade precisa entender e estar preparada para isso. Até porque, entre os critérios estabelecidos pela OMS para iniciar, num futuro próximo, o fim do isolamento social, consta que “as comunidades devem estar completamente educadas, engajadas e empoderadas para se ajustarem à nova norma”.

E o que pode ocorrer, caso houvesse a suspensão precoce do decreto de isolamento social? “Haveria uma explosão de casos, com aumento da letalidade”, prevê a médica. “Não podemos relaxar. Precisamos manter as precauções e os cuidados, viabilizar mais testes e continuar com as orientações e informações corretas para a população”, complementa.

Período inicial

Outro critério listado antes da suspensão de qualquer medida de isolamento social: a transmissão da Covid-19 deve estar controlada. Como Alagoas vive o período inicial de contágio, ainda não é possível avaliar a dimensão do surto. “Estamos basicamente, no segundo mês de pandemia. Estamos descobrindo e aprendendo a lidar com o vírus. Isso requer cautela. Acredito que, no próximo mês, teremos uma melhor avaliação”, estima Normângela Barreto.

O Governo do Estado respondeu rapidamente aos primeiros sinais. A publicação de decretos com atos normativos e medidas preventivas de isolamento social, a ampliação do número de leitos de UTI na rede pública de saúde, a publicação periódica de orientações e a transparência na divulgação das informações atestam a responsabilidade primordial da gestão governamental com a saúde dos alagoanos.

A doença que se alastra rapidamente, mas demora a recrudescer, é dez vezes mais letal que a provocada pelo vírus H1N1, por exemplo. É o que a sociedade deve compreender, reitera a OMS. O período de ficar ou trabalhar em casa deve durar um pouco mais, mas certamente é temporário.