[Vídeo] Família duvida de diagnóstico de paciente que morreu de covid-19 em Maceió
Parentes de Valdomiro Marques, 47, acreditam que ele morreu em decorrência de complicações do diabetes
Enquanto suposto parente de uma vítima fatal do coronavírus tenta conscientizar pessoas da importância do isolamento social, em frente a uma casa lotérica, no bairro Eustáquio Gomes, outra família tem dúvidas sobre o diagnóstico de covid-19 para um paciente que morreu no Hospital da Mulher, na última segunda (20). Valdomiro Marques dos Santos tinha 47 anos, morava no Cleto Marques Luz e foi sepultado nesta terça em Palmeira dos Índios, sem velório.
A família dele não teve a chance de vê-lo pela última vez dentro do caixão. Os parentes acompanharam o carro da funerária, que saiu diretamente da unidade hospitalar para o cemitério no interior do Estado. Os funcionários da funerária estavam usando roupas de proteção, máscara, luvas, mas o coveiro não usava nenhum tipo de proteção. Os poucos parentes que acompanharam, filmaram o sepultamento, mas não puderam chegar perto do caixão.
“Essa situação deixa a gente sem reação. É muito triste enterrar um parente sem sequer poder se despedir. E a gente duvida que ele morreu com o coronavírus, porque ele tinha diabetes e já vinha há muito tempo debilitado por conta da doença. Quando procurou atendimento médico, foi por conta do diabetes”, relata Cícero Rodrigues, genro do paciente.
Ele conta que Valdomiro vivia sozinho com um filho adolescente e frequentemente recebia a visita de uma irmã. Como estava debilitado pelo diabetes, não saía de casa. “Poucos dias antes de ser levado para o hospital, ele sequer conseguia levantar e andar para ir ao banheiro. Usava uma muleta para se locomover. Não viajou, não recebeu visitas de fora, as únicas pessoas com quem ele tinha contato mesmo era o filho e a irmã”, afirmou.
O paciente foi levado pelo filho e a irmã para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tabuleiro dos Martins no último sábado (18), devido ao agravamento das complicações decorrentes da diabetes. “Chegaram a pensar que ele poderia estar com algum problema na próstata, mas os exames dele estavam em dias e foi descartado. Só que o estado dele piorou. Ele foi entubado e transferido para o Hospital da Mulher, e foi direto para a UTI. Durante todo o tempo que ele esteve na UPA, ninguém falou em coronavírus e ele ficou acompanhado o tempo todo da irmã”, declarou.
Quando o hospital informou os familiares que Valdomiro morreu e a causa da morte foi covid-19, pegou todo mundo de surpresa. “A gente sabe que essa doença está se espalhando por todos os cantos, mas nunca poderíamos imaginar que ele, por ficar o tempo todo em casa e ter contato apenas com o filho e a irmã poderia morrer de coronavírus, disse Cícero Rodrigues.
O atestado de óbito aponta que Valdomiro morreu em decorrência de choque séptico, sepse pulmonar, síndrome gripal aguda e infecção por coronavírus. “Mas na UPA ele não ficou isolado e a irmã esteve junto dele o tempo todo. Antes de ser internado, quem cuidava dele era o filho, que até fazia massagens quando ele ficava com os pés inchados. Se ele morreu com coronavírus, com certeza eles dois devem estar doentes também. Mas eles não foram testados e nem receberam qualquer orientação sobre como proceder”, disse.