Mina 18 da Braskem está afundando 53cm por dia, revela Defesa Civil
As consequências do colapso, que tem 72% de chances de acontecer, ainda são intangíveis
A situação na mina número 18 da Braskem, localizada no bairro do Mutange, em Maceió, atingiu um novo patamar de preocupação extrema. Segundo informações reveladas pela Defesa Civil durante uma reunião online com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) nesta quinta-feira (30), o afundamento do solo atingiu uma velocidade alarmante de 53 centímetros por dia.
De acordo com Victor Gama Carnaúba Azevedo, representante da Defesa Civil de Maceió, desde o dia 2 deste mês a região da cavidade 18 da Braskem vem sendo monitorada com maior intensidade. A partir do dia 21, os sismos na área aumentaram significativamente, migrando de 200 para 500 metros de profundidade, entre o antigo campo do Centro Sportivo Alagoano (CSA) e onde funcionava a Casa de Saúde Dr. José Lopes, em Bebedouro.
"A velocidade de afundamento é de 53 cm por dia. Diante da deformação que tínhamos antes, de 26 cm por ano, é uma variação muito alta e irreversível", alertou Carnaúba. O método usado para aferir o afundamento do solo é conhecido como inverso da velocidade, utilizando dados de ondas sísmicas para estimar a estrutura do subsolo. Imagens aéreas já evidenciam fissuras no solo onde a mina está localizada.
A reunião conjunta, que contou com representantes de órgãos municipais, estaduais e federais, incluindo o Serviço Geológico Brasileiro (SGB), Ministério Público Federal, Corpo de Bombeiros de Alagoas, entre outros, debateu a situação da região e estratégias para minimizar os danos decorrentes do possível dolinamento do solo.
Carnaúba destacou a gravidade da situação: "Há uma deformação muito grave na região. O solo afunda dois centímetros por hora, sem nenhum sinal de melhora". O dolinamento, fenômeno geológico que causa o afundamento do solo, é uma das preocupações iminentes das autoridades envolvidas.
Considerando que parte significativa da cavidade 18 está sob as águas da lagoa Mundaú, a Capitania dos Portos passou a monitorar a área por terra e água, sugerindo ampliar o isolamento para um raio de 1km, em vez dos atuais 500 metros.
Antecipando possíveis contingências, a Prefeitura de Maceió disponibilizou sete escolas municipais como potenciais abrigos para a população local. Todas as unidades básicas de saúde do município estão de prontidão, com 20 ambulâncias à disposição, inclusive durante o feriado municipal do Dia do Evangélico.
Nessa quinta-feira (30), o Governo de Alagoas emitiu um comunicado relevante alertando o mercado nacional e as instituições sobre o agravamento dos desastres ambientais causados pela Braskem em Maceió. O governo reiterou sua posição em defesa dos interesses de Alagoas e das vítimas do que consideram o maior crime ambiental urbano do mundo.
O documento ressalta a magnitude do desastre e aponta para a falta de solução, citando o colapso das minas de sal-gema e um passivo de cerca de R$ 30 bilhões da petroquímica. Questionamentos são feitos sobre a abordagem adotada, levantando a possibilidade de manobras que prejudicam o estado e seus habitantes.
A preocupação com o futuro da região é evidente, enquanto autoridades e órgãos envolvidos buscam medidas urgentes para proteger a população e conter os impactos devastadores que se avizinham devido ao agravamento dos desastres na área da mina da Braskem.