Jovens denunciam divulgação de falsas fotos íntimas em sites pornográficos
Segundo as mulheres, o suspeito é conhecido delas; Polícia Civil investiga o caso
A Polícia Civil de Alagoas está apurando um caso de violação de privacidade envolvendo a manipulação de imagens de mulheres, sem autorização, para a criação de conteúdo erótico falso e sua divulgação em sites pornográficos.
A denúncia foi feita por um grupo de mais de 20 mulheres de Maceió, que descobriram que um homem conhecido delas estava por trás da criação e publicação das imagens manipuladas com o uso de inteligência artificial. As mulheres são da região do Benedito Bentes.
A descoberta aconteceu quando uma das vítimas recebeu um telefonema de uma amiga que havia encontrado sua foto em um site de conteúdo adulto. Ao investigar mais a fundo, ela percebeu que outras 18 mulheres, incluindo amigas e conhecidas, também haviam sido alvo da mesma prática.
Em entrevista a uma emissora de TV local, uma das vítimas relatou como tomou conhecimento da situação. Ela foi informada por uma amiga sobre a publicação de sua foto em um site pornográfico. "Ela falou: 'vou te mandar um link e você vai entrar agora'. Quando entrei, a primeira foto que vi era minha, nua, algo que eu nunca havia feito", contou. A mulher revelou que, ao investigar mais o site, encontrou outras fotos de amigas e conhecidas, todas manipuladas.
Ela também explicou como conseguiu identificar o suspeito. "Eu só compartilho fotos com um grupo pequeno de amigos e, dentro desse círculo, havia apenas um homem que poderia ter acesso a essas imagens. Ele era meu amigo há anos", relatou.
Após uma investigação pessoal, o grupo de vítimas abordou o suspeito, que admitiu a criação e divulgação das imagens. "Ele disse que era fácil e tranquilo para ele, que usou inteligência artificial para fazer as montagens", contou uma das mulheres. A motivação por trás das criações não foi divulgada.
O caso foi registrado inicialmente na Central de Flagrantes e, posteriormente, encaminhado ao 8º Distrito Policial, que agora conta com o apoio da Seção de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil para apurar a situação.
O delegado Sidney Tenório, responsável pela investigação, garantiu que a apuração será rigorosa, dada a gravidade do crime. "Estamos lidando com crimes como difamação e manipulação de imagens, cujas penas podem chegar a três anos de reclusão", destacou.
Abaladas
O caso envolve mulheres que estão sofrendo com a exposição de suas imagens e com o estigma de ter sido vítimas de um crime sexual na internet. Uma das vítimas desabafou sobre o impacto emocional que a situação causou.
"Estamos com vergonha de sair na rua, com medo de sermos reconhecidas por quem viu o site. Até no trabalho estão perguntando o que aconteceu", afirmou, visivelmente abalada.
Além do trauma psicológico causado pela manipulação das imagens e a divulgação delas, as vítimas relataram insatisfação com a forma como foram tratadas na delegacia. Uma das mulheres criticou a falta de empatia de uma autoridade policial durante o atendimento.
"A pessoa só perguntou meu nome, CPF e o que eu fazia. Não perguntou como estava me sentindo, nem quis saber mais detalhes. Quando mencionei que trabalhava formalmente, ela apenas fez um comentário depreciativo", lamentou.
O delegado Sidney Tenório informou que a direção da Polícia Civil está ciente da reclamação. "Asseguramos que tudo será apurado. Eventual tratamento que elas digam não ter sido digno da PC serão corrigidos. Tudo já está sob conhecimento da diretoria."