'Novo Mercado de Gás’ pode ameaçar o aumento da infraestrutura de gasodutos
Representantes refletem sobre as mudanças propostas pelo programa do Governo Federal
O mercado de gás tem alcançado mudanças significativas no país nos últimos anos. Em Alagoas, a distribuidora de gás natural, Algás, tem realizado grandes marcos no Estado, como a duplicação do gasoduto do polo industrial José Aprígio Vilela, potencializando o comércio de gás na região.
"Na gestão do governador Renan Filho, a Algás teve 60% do investimento na história da empresa. A realização de obras estruturantes tem sido nossa prioridade", declarou o presidente da Algás, Arnóbio Cavalcanti. Outro principal marco da distribuidora junto a gestão atual foi a interiorização do gás natural com o gasoduto Penedo-Arapiraca, que permite ofertar gás comprimido aos municípios do agreste.
Arnóbio Cavalcanti, que também ocupa a vice-presidência da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS), tem defendido os Estados e o trabalhado em conjunto das distribuidoras de gás natural do país perante as novas estratégias do Governo Federal.
O ‘Novo Mercado de Gás’ é um programa federal aprovado em julho que, supostamente, incentiva o crescimento do segmento industrial, ao fazer com tais empresas comprem o gás natural diretamente dos produtores, dispensando as distribuidoras nesse processo. Por outro lado, o programa também propõe medidas para a redução do preço do combustível a partir do investimento em campos de exploração de gás no sudeste do país e do gás do pré-sal da Bacia Sergipe/Alagoas.
No entanto, algumas medidas desconsideram pontos estratégicos de distribuição de gás natural, impactando de forma negativa a segurança e o crescimento da infraestrutura energética do Brasil.
Diante de tantas desinformações, faz-se necessário realizar algumas considerações. É por meio da venda do gás natural para os segmentos industrial, comercial, residencial e veicular que distribuidoras, como a Algás, conseguem recursos para adensar a rede de distribuição nas cidades e também levar o gás para o interior do Estado, como no caso do Gasoduto Penedo – Arapiraca ou como a duplicação do gasoduto Pilar – Marechal Deodoro, que deu segurança a longo prazo para o crescimento industrial do Estado.
Por terem uma concessão de distribuição de gás, as empresas distribuidoras são obrigadas a investir em gasodutos, o que é extremamente positivo para os Estados da federação. “Nos últimos anos, mesmo com a crise econômica, as distribuidoras têm feito o seu papel, investindo ainda mais na melhoria de seus serviços e no crescimento da rede de distribuição. Sinal disso é que de 2017 para 2018, a rede de distribuição aumentou 5,1% e o número de consumidores, 6%” afirma Augusto Salomon, presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGÁS).
Dentro do programa, o acordo realizado com a Petrobras promoveu ações para que a estatal deixa-se de monopolizar a venda de gás natural, abrindo portas para novos investidores.
“Quanto maior a procura de novas empresas pelo gás, menor será o preço dele, consequentemente a população também pagará menos pelo combustível”, explicou Hugo Figueirêdo, membro do Conselho da Abegás, representante das empresas do Nordeste e presidente da Companhia de Gás do Ceará. “A exploração do gás natural da bacia Sergipe/Alagoas vai garantir o suprimento pro nordeste e vai ajudar na tarifa locacional”, completa.
O diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça, acredita que o programa trará uma nova conjuntura econômica para o país e que a oferta de gás aumentará nos próximos 10 anos, com isso “as distribuidoras terão um papel importante no processo de levar gás para regiões que ainda não são abastecidas, de uma forma sustentável, que beneficie os usuários”.
Segundo Mendonça, nos últimos anos, a rede de distribuidoras cresceu 80%, com um serviço que garante o desenvolvimento e o crescimento de toda a infraestrutura de gasodutos nos Estados.
O ‘Novo Mercado de Gás’ também prevê ações de incentivo financeiro para os estados que privatizarem as distribuidoras de gás. “Nós precisamos ficar atentos junto aos nossos governantes quanto a isto. Não adianta ter uma política interessante, se as estratégias para o cumprimento são incoerentes”, declara o representante das empresas do Nordeste da Abegás, Hugo Figueirêdo.