De abacaxis a pães: produtores transformam realidade através do empreendedorismo
Pequenos e microempreendedores são atendidos pelo programa Alagoas Maior, recebendo capacitações e consultorias para expansão no mercado

Abacaxis, bolos, broas, mel e pães à base de macaxeira. Esses são apenas alguns dos produtos que “nascem” das mãos de pequenos e microempreendedores e possuem uma coisa em comum: transformaram vidas. Atendidos pelo programa Alagoas Maior, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) em parceria com o Sebrae, empreendedores, associações e cooperativas nas regiões do Agreste, do Sertão e da Serrana dos Quilombos enxergam nas produções oportunidades de crescimento econômico.
O Povoado do Algodão, em Girau do Ponciano, é a terra onde nasce a macaxeira utilizada como base para os produtos do Café na Mesa, núcleo formado só por mulheres da Associação do Algodão. O grupo iniciou suas atividades há aproximadamente nove anos e foi um dos mapeados pelo programa com potencial de mercado. Maria Josélia Silva coloca, com um sorriso no rosto, a mão na massa dos pães, dos bolos e das broas vendidas, conta como foi o início das atividades.
“Antes eu era agricultora, mas o que produzíamos era só para consumo próprio. Entrei na associação quando já estávamos iniciando o trabalho com as broas, há oito anos. Aprendemos também a fazer pães e bolos tendo a macaxeira como base. Hoje, creio que consigo vender entre R$ 200 e R$ 300 por semana e conseguimos melhorar nossa vida. Na hora de pagar as coisas, conseguimos pagar tudo certinho”, explica Maria.
Depois do mapeamento, o Alagoas Maior passa a acompanhar de perto as demandas e necessidades dos produtores, além de promover a participação em rodadas de negócios, capacitações, workshops e, com isso, possibilitar a abertura de novos mercados. "Nosso objetivo é fazer com que os produtores possam crescer como empreendedores e alcançar mercados diferenciados. Atuamos com o acompanhamento e buscamos trabalhar juntos para possibilitar a abertura de novos mercados”, explica Giselle Mascarenhas, superintendente de Desenvolvimento Regional e Setorial da Sedetur.
O abacaxi que conquistou São Paulo
Um exemplo de até onde os abacaxis podem chegar é a Associação dos Produtores de Limoeiro de Anadia (Asprolimo). Em dezembro de 2018, eles conquistaram o mercado paulista e, em pouco mais de um mês, comercializaram mais de 180 mil frutos, arrecadando cerca de R$ 300 mil. Esse foi um dos pontos de transformação para quem vive da comercialização da fruta.
“Hoje a gente não precisa, como era antes, ficar batendo de porta em porta e perguntando “você quer?”. Tempos atrás, a gente tinha muita dificuldade para escoar as lavouras, tinha muito que ir nas feiras, era um tempo que tinha muita lavoura, a gente sofria com questão de preços baixos e hoje as coisas já estão melhores. O Alagoas Maior vem nos ajudando muito e chegou no momento certo. Acho que tudo que a gente faz tem que ter a mão de alguém. A gente só não anda para lugar nenhum”, declara Alvânio Vicente Farias, presidente da associação.
Além de vender os frutos, a Asprolim inaugura, em abril deste ano, uma fábrica de poupa de frutas. Alvânio explicou que a decisão aconteceu por entender a necessidade de que os frutos fossem melhor aproveitados. “A gente tem muita demanda de polpa de fruto no município, nós vamos vender para as escolas, a princípio de Limoeiro [de Anadia]. Para o resto do estado, a gente pretende fazer uma extensão bastante grande. No final das safras acabam sobrando algumas frutas, que acabam não sendo comercializadas e essa é uma forma de aproveitar. A princípio o foco é abacaxi e graviola, depois a gente vai ver se consegue agregar outras frutas”, explica.
Empreendedorismo na apicultura
Já em União dos Palmares, o avanço vem do mel. O apicultor Jean Ferreira, do Apiário Zumbi e da Associação dos Apicultores de União dos Palmares, conta que ganhou sua primeira colmeia há 20 anos e, desde então, elas se multiplicaram chegando a mil, entre as suas e as de sua família. A mudança veio não só em sua vida, como também pela garantia de 12 empresas e na compra do mel dos apicultores da região.
“As abelhas me deram asas. Hoje eu sou conhecido, tenho carro e moto para a minha família, tenho condições de manter meus dois filhos em escolas particulares. Minha vida mudou de uma forma que eu não acreditava. O meu produto já está em Sergipe, em Pernambuco, em Alagoas e também entramos na Paraíba. Isso é muito gratificante. Tive muitas oportunidades e as maiores com o APL [Arranjos Produtivos Locais – programa que antecedia o Alagoas Maior]. Para mim é uma grande oportunidade, foi onde consegui avançar muito e ter visão de mercado. Não desperdiço nem um minuto sequer”, declara o apicultor.
O Apiário Zumbi já é atendido pela Superintendência de Desenvolvimento Setorial e Regional (Suder) da Sedetur há mais de 5 anos e, ao longo dele, teve a oportunidade de viajar e conhecer outros modelos de negócios e de mercado.
No Sertão, a quatro horas da terra de Zumbi, Dona Cícera Alves produz o mel da Cooperativa dos Produtores de Mel, Insumos e Produtos da Agricultura Familiar (Coopeapis), em Piau de Piranhas. Até hoje ela lembra a data exata, 18 de outubro de 2002, da primeira colmeia que teve. Ela só começou a produzir depois de 2004, com cinco colmeias, com teimosia e determinação para aprender.
“Quando cheguei a 15 colmeias, ainda em 2005, eu já estava começando a colocar mel dentro de casa nos tonéis, fui para 981kg de mel. Lembro porque anotei tudo! Estava muito feliz, mas com muito mel e sem saber o que fazer. Coloquei em garrafinhas de água e fui vender para as pessoas. Em 2006 formamos a cooperativa”, relatou Dona Cícera.
A Coopeapis reúne 100 pessoas e é atendida pela Suder desde 2005. Eles chegaram a ter 60 colmeias que, aos poucos, se tornaram fonte de renda para as cooperados. Em 2019, a produção foi de 96kg por colmeia. “Hoje minhas filhas são formadas, eu consegui me formar em pedagogia e tenho pós-graduação. Agradeço primeiro a Deus e a todas as pessoas que me acompanharam, porque ninguém cresce sozinho”, declara Dona Cícera.
O trabalho dos gestores de cada região é continuado durante todo o ano para que novos potenciais produtivos possam ser identificados.
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