Impeachment deve ser pensado com cuidado, foco é no coronavírus, diz Maia
Há ao menos 25 pedidos protocolados
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem a competência para iniciar um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido), disse que o assunto deve ser tratado com paciência. Há ao menos 25 pedidos protocolados, e o deputado entende que o foco da Casa deve ser o combate ao novo coronavírus.
"A gente precisa ter paciência e equilíbrio e não ter açodamento, porque o açodamento e a pressa, nesses temas, vão ajudar a questão do coronavírus ter contornos mais graves no impacto da vida da sociedade brasileira", disse Maia.
Há duas semanas, Bolsonaro atacou Maia e o acusou de "enfiar a faca" no governo federal e conspirar contra o governo.
"Quando você trata de tema como impeachment eu sou um juiz, não posso ficar comentando temas dos quais a decisão é minha de forma independente. Já passei por isso no governo do presidente Michel Temer (MDB) e com paciência e equilíbrio a gente superou esse período", disse Maia.
Crise com Moro
Sobre a queda de Moro, Maia disse que a "crise que é do poder executivo e acredito que lá ela deve ficar. Aqui [Câmara] devemos construir soluções".
O deputado destacou que a saída de Moro e Luiz Henrique Mandetta (ex-ministro da Saúde) do governo geram insegurança.
"No meio de uma pandemia a troca de ministros sempre gera insegurança. Você tem dois ministros que têm credibilidade na sociedade e o terceiro, Paulo Guedes, também tem credibilidade", declarou.
Moro é mal visto por parte da Câmara e partidos de centro, desde quando atuava na Lava Jato, em 2014. No começo deste mês, Bolsonaro passou a se reunir com partidos do centrão — grupo informal com DEM, PP, MDB, PL, Republicanos, PDS, Solidariedade — para tentar criar uma base de apoio no Congresso.
O governo negocia com os partidos e ofereceu participação na gestão pela indicação de cargos em bancos públicos e secretarias.
O movimento feito por Bolsonaro não passou por Maia, há o entendimento entre os parlamentares que a relação direta com os partidos é uma tentativa de Bolsonaro isolar o presidente da Câmara.
"Nós não podemos de forma nenhuma que o Parlamento seja mais um instrumento de crise e incertezas que, infelizmente, hoje, têm sido geradas no nosso país", disse Maia.