Mãe e filha esperam cerca de uma semana por leito de UTI e morrem com Covid-19
Mãe e filha, de 87 e 64 anos, moravam juntas
Dilzete Machado Bitti e Arlete Rangel morreram depois de esperarem por vagas em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no Espírito Santo. Mãe e filha, de 87 e 64 anos, moravam juntas em Vitória e foram internadas no pronto-socorro de São Pedro no dia 02 de abril.
Dilzete esperou por um leito durante cinco dias e, quando a transferência finalmente aconteceu, seu quadro de saúde já havia se agravado muito. Ela faleceu no dia seguinte. “Elas chegaram mal ao hospital, no mesmo dia. Quando minha tia foi levada na ambulância, a intubaram. Ela tinha tido uma melhora no quadro, mas piorou muito e morreu no dia seguinte”, revelou Francielly Machado, sobrinha da vítima, ao UOL.
Já Arlete ficou dez dias aguardando a liberação de um leito. Ela foi transferida na última segunda-feira (12), e morreu na última terça (13).
“É angustiante a gente ver como está toda essa situação. Eu tive que sair implorando ajuda de muitas pessoas pra conseguir que alguém me ouvisse e nos ajudasse. Perdi duas pessoas que eu amava muito. Está sendo muito difícil”, desabafou Francielly.
Segundo familiares, Arlete já tinha problema cardíaco, estava em estado grave e corria risco de morte. Após a morte das vítimas, outros cinco parentes testaram positivo para a Covid.
Em nota enviada ao UOL, a Secretaria Estadual de Saúde lamentou o falecimento de Dilzete, mas afirmou que em nenhum momento a paciente ficou desassistida e que não houve demora por parte do órgão para liberação do leito.
“Na primeira solicitação de leito feita pelo Pronto Atendimento, em 2 de abril, o quadro clínico descrito no Sistema de Regulação não apresentava critérios para internação em Unidade de Terapia Intensiva. Após piora clínica, o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] fez a transferência da paciente, em 7 de abril, de acordo com a disponibilidade de leito”, informava o comunicado.
A pasta alegou que Arlete recebeu todos os cuidados disponíveis. “Não está sendo utilizado o critério de idade como norteador de leito, mas sim a gravidade clínica dos pacientes que estão sem recurso de assistência. Todos os pacientes são transferidos de acordo com a prioridade clínica relatada pelo serviço de saúde”, explicou o órgão.