Saúde

Entenda o Parkinson, doença que afastou José Serra do Senado

Senador, de 79 anos, do PSDB, ficará quatro meses licenciado para tratar doença degenerativa

Por R7 11/08/2021 15h03
Entenda o Parkinson, doença que afastou José Serra do Senado
José Serra - Foto: Reprodução

O senador José Serra (PSDB-SP) anunciou, na terça-feira (10), que se licenciou do cargo no Senado Federal pelo período de quatro meses para fazer tratamento contra o Parkinson. A doença se manifesta em pessoas acima de 65 anos e estima-se que afeta 200 mil brasileiros e 8 milhões de pessoas no mundo.

De acordo com o IBGE, nos últimos cinco anos, o envelhecimento da população cresceu 16%. Com isso, a preocupação com o Parkinson se torna ainda maior, segundo o neurologista Alex Baeta, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Ele explica que se trata de uma doença degenerativa, crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central.

Ocorre devido ao envelhecimento das células nervosas que produzem a dopamina, um neurotransmissor que ajuda na função motora e faz com que não seja necessário pensar em cada movimento que os músculos realizam. A falta da dopamina altera as atividades humanas.

"É uma doença degenerativa do sistema nervoso central e é causada pela redução intensa da produção de dopamina. A falta dela, particularmente em uma região específica do sistema nervoso chamada substância negra, no tronco cerebral, faz parte da parte nigroestriatal, que vai até o centro do cérebro levando dopamina e fazendo toda a modulação e determinando o sistema motor do indivíduo. A doença de Parkinson reduz a dopamina, levando à perda dos movimentos automáticos e voluntários", afirma Baeta.

O sintoma mais comum do Parkinson são os tremores, mas o médico alerta que nem todos pacientes apresentam essa característica. "A doença apresenta um conjunto de sinais e sintomas. O tremor é um deles, mas existem casos que o tremor é muito reduzido ou inexistentes, que chamamos de forma rígido-acinética, ou seja, o paciente tem rigidez e tem oligo cinesia, que é a diminuição dos movimentos automáticos. O conjunto de sinais é chamado de síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo", explica o neurocirurgião.

O diagnóstico é feito essencialmente pela avaliação clínica do paciente, às vezes, pode ser usados exames de imagens para confirmar a enfermidade. O neurologista é mais indicado para diagnosticar, já que outras doenças ou alguns remédio podem aparecer a síndrome parkinsoniana e não ser o Parkinson.

"Existe uma série de doenças diferentes e causas diversas podem ter os mesmos sintomas. Mas, em 70% dos casos é doença de Parkinson. As vezes remédios simulam doenças de Parkinson, como, os para vertigem e tontura que muitos idosos usam. Eles podem apresentar o Parkinsionismo como efeito colateral", observa o médico.

Existem dois tipos da enfermidade, a de origem genética, que passa de pai para filho, e a esporádica, que é causada pelo envelhecimento. "O tipo esporádico é o mais comum. Todos envelhecemos e temos perdas progressivas de células nervosas, que produzem dopamina. Mas, algumas pessoas perdem essas células mais rápido, diminuindo ainda mais os níveis de dopamina. É como se fosse uma morte precoce com maior intensidade, já que todo o indivíduo apresenta essa perda progressiva. Normalmente, o envelhecimento começa a partir dos 40 anos e quanto mais idoso mais chances de desenvolver a doença de Parkinson", diz Baeta.

Por ser uma doença degenerativa e progressiva, ela não tem cura, existem tratamentos para diminuir os efeitos físicos da enfermidade. "Têm muitos remédios indicados e, geralmente, os organismos respondem bem a eles. Os medicamentos repõem a dopamina que está faltando. Além da medicação, as pessoas precisam fazer atividades físicas e, em alguns casos, uma reabilitação cognitiva. O paciente é obrigado a fazer atividades física. Quem não faz tem uma evolução pior", ressalta o neurocirurgião.

Não há uma forma de prevenir a doença, já que está associada ao envelhecimento. Porém, o acompanhamento médico periódico na velhice é fundamental. "Quanto mais precoce o tratamento, melhor a evolução do doente", conclui Baeta.