Rússia não prevê uso de armas nucleares sob nenhum pretexto
Normas russas indicam o uso de arsenal deste tipo apenas em caso de agressão externa ou de ameaça à sobrevivência do Estado

A porta-voz do Ministério das Relações russa, Maria Zakharova, afirmou nesta quarta-feira (2) que a Rússia não tem nenhuma intenção de apertar "o botão vermelho nuclear", após a recente ordem do presidente, Vladimir Putin, de colocar em "regime especial de serviço" as forças nucleares do país.
"Partimos do ponto de que este roteiro apocalíptico não será realizado sob nenhum pretexto e sob nenhuma condição", disse a representante russa à emissora colombiana W Radio, frisando que Moscou deixou clara a sua posição.
Zakharova ressaltou que, "ao falar sobre a utilização de armas nucleares, o governo tem afirmado repetidamente a sua posição". "Aparentemente, nos confundem com os EUA, mas a Rússia nunca falou" sobre a utilização de armas nucleares.
Putin ordenou em 27 de fevereiro que as forças de contenção russas fossem colocadas em "regime especial de serviço" após "declarações agressivas" dos principais países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) devido ao início da "operação militar especial" russa na Ucrânia, que foi condenada pela comunidade internacional.
O mandatário russo deu estas instruções em reunião com o ministro da Defesa russo, Serguei Shoygu, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Valery Gerasimov.
Segundo a doutrina russa de dissuasão nuclear, aprovada por Putin em 2020, que é de natureza defensiva, o Kremlin se reserva o direito de atacar com armas nucleares em caso de agressão externa ou de ameaça à sobrevivência do Estado.
O documento, que inclui os princípios de dissuasão nuclear e as ameaças à segurança da Rússia, que incluiria a Otan, estabelece as condições em que a Rússia recorreria às armas nucleares.
Entre elas está a utilização pelo inimigo de armas nucleares ou outras armas de destruição em massa contra o território da Rússia ou os seus aliados, ou ações contra instalações estatais ou militares vitais para o país que o levariam a perder o controle sobre o comando nuclear.
A agressão externa com o uso de armamento convencional que ameaça "a própria existência do Estado" seria também motivo suficiente para uma resposta nuclear.
Além disso, a Rússia pode recorrer a armas nucleares caso receba informações críveis sobre o lançamento de um míssil balístico contra o território russo ou de aliados.
Ao mesmo tempo, o documento enfatiza que a Rússia vê as armas nucleares "exclusivamente como um meio de dissuasão" e toma todas as medidas necessárias para reduzir a ameaça nuclear e evitar uma escalada das relações internacionais que possa levar a conflitos, incluindo os nucleares.

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