SSP detalha investigações do desaparecimento da pequena Ana Beatriz
Cinco versões apresentadas pela mãe e ausência de testemunhas desafiam investigação

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP) detalhou, em coletiva de imprensa realizada no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) de Novo Lino, na noite de segunda-feira (14), os desdobramentos das investigações sobre o desaparecimento da bebê Ana Beatriz Silva Oliveira, ocorrido na última sexta-feira (11) na cidade. A atualização do caso foi feita pelo secretário Flávio Saraiva e pelo delegado Igor Diego Vilela, diretor da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), que coordena a apuração pela Seção Antissequestro. As buscas continuam nesta terça-feira (15).
O caso mobilizou a cúpula da SSP. O secretário Flávio Saraiva, e o secretário executivo, Patrick Madeiro, estiveram pessoalmente em Novo Lino, onde conversaram com os investigadores e, principalmente, com os pais da recém-nascida. Eles também reforçaram o apoio institucional à família e pediram à população que colabore com qualquer informação que possa ajudar nas buscas. Informações podem ser repassadas de forma anônima através do Disque Denúncia 181.
O secretário Flávio Saraiva parabenizou o empenho das forças de segurança no trabalho de elucidação do caso. “As equipes da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Perícia Oficial têm se dedicado com total compromisso e responsabilidade. Destaco também o apoio fundamental que recebemos das forças de segurança de Pernambuco, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a colaboração da prefeita de Novo Lino, Marcela Gomes de Barros, que tem dado total suporte às operações na cidade”, afirmou o secretário.
Durante a coletiva, o delegado Igor Diego Vilela informou que a mãe da criança já prestou cinco depoimentos diferentes desde o início das investigações, sendo a última versão a que a polícia agora considera como foco principal. Segundo ela, dois homens encapuzados, usando luvas e casacos, teriam invadido a residência durante a madrugada — após ela, supostamente, ter deixado a porta aberta —, abusado sexualmente dela (sem conjunção carnal) e, em seguida, levado a bebê.
A polícia, no entanto, encontrou inconsistências relevantes nos relatos. Igor Diego Vilela explicou que nenhuma testemunha — entre familiares e vizinhos — relatou ter visto Ana Beatriz desde a noite da quinta-feira anterior ao sumiço, tampouco escutado choro ou sinais da presença da criança entre aquela noite e a manhã da sexta-feira. Eduarda da Silva de Oliveira, de 22 anos, mãe da menina passou mal durante as buscas nesta segunda-feira (14). O advogado dela, José Weliton, contou que ela enfrenta um quadro severo de depressão pós-parto.
Além disso, investigações indicam que, na quarta-feira à noite, a mãe da criança buscava ajuda para lidar com fortes cólicas da bebê. “Ela relatava que Ana Beatriz estava com a barriga inchada e bastante irritada. Chegou a pedir indicações de medicamentos e sugestões de troca de leite”, disse o delegado. “Contudo, após isso, não houve qualquer atualização para essas pessoas sobre uma melhora no quadro da criança”.
Igor Diego Vilela ressaltou que Eduarda da Silva Oliveira apresentou versões diferentes e isso tem dificultado. “Ela apresentou cinco versões diferentes. E durante esses dias, gastamos toda a energia da Polícia Militar e da Polícia Civil para verificar cada uma das versões. Quando mostramos que não batiam com os fatos, ela inventava uma nova versão. E não tínhamos como descartar nenhuma até então”, completou o delegado.
O delegado João Marcello, também da Dracco, explicou que a primeira versão apresentada pela mãe, no próprio dia do desaparecimento, foi a de um suposto sequestro cometido por quatro homens armados, que teriam abordado a mulher em um ponto de ônibus na rodovia BR 101 e levado a bebê de seus braços. Segundo ela, os criminosos estavam em um carro preto, modelo Classic, e ela estaria a caminho da casa da sogra. No entanto, testemunhas que estavam no local negaram a presença do veículo e afirmaram que viram a mãe sair de casa e ir à casa de uma vizinha sem a criança.
Após ser confrontada, Eduarda mudou sua versão várias vezes, passando a afirmar que os suspeitos eram dois, estavam a pé, depois armados com faca, depois desarmados, até chegar à quinta versão, já detalhada por Igor Diego Vilela. Vizinhos também negaram ter ouvido qualquer barulho ou pedido de socorro na madrugada do desaparecimento, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a veracidade do relato da mãe.
Buscas
O canil do Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar novas buscas na residência da família e em terrenos nas imediações, com o objetivo de tentar identificar qualquer indício que pudesse direcionar a localização da criança. No entanto, a operação precisou ser interrompida após uma das cadelas utilizadas na varredura se ferir ao pisar em um caco de vidro.
“Fizemos uma busca minuciosa, especialmente em áreas de mata e de difícil acesso próximas à casa. A intenção é detectar qualquer pista que possa ser útil na investigação. Mas, por segurança e bem-estar dos nossos animais, decidimos encerrar temporariamente a ação quando uma das nossas cadelas se machucou. Vamos retomar assim que ela estiver apta, ou com outra equipe”, explicou o tenente do Corpo de Bombeiros, Ascânio.
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