Jovem tem celular levado e criminosos fazem empréstimo de R$ 19 mil
Além do celular, os bandidos levaram a carteira, objetos pessoais e o carro da vítima, que foi usado em outro assalto da quadrilha
O representante comercial Lucas Dallaverde, de 29 anos, está há mais de um mês tentando reaver com um banco parte do prejuízo que teve após ser assaltado no último dia 5 de maio, em São Paulo (SP). Com o celular do jovem, os criminosos conseguiram fazer um empréstimo de R$ 19 mil, além de realizarem compras com os cartões de crédito da vítima.
Conforme Lucas, no dia do crime, ele dirigia para o trabalho quando resolveu parar o carro para atender uma ligação de um cliente. Pouco depois, um outro veículo se aproximou e três homens desceram para abordar Lucas. Armados, os assaltantes fizeram a vítima desbloquear o celular e passar a senha.
Além do celular, os bandidos levaram a carteira, objetos pessoais e o carro, que foi usado em outra ação da quadrilha. “É tão aterrorizante na hora e é tão rápido, que eu lembro pouca coisa”, contou Lucas, em entrevista à ISTOÉ.
O representante comercial foi amparado por um comerciante, que estava em outro carro e testemunhou o assalto. Na sequência, Lucas ligou para a esposa e acionou a polícia. “Minha esposa me buscou na loja do cara que me ajudou e quando chegamos em casa a polícia informou que tinham encontrado o carro”, disse o jovem, que passou o dia na 27° DP, aguardando a liberação do veículo.
“Eu cheguei em casa quase 20h da noite, fiquei o dia inteiro fora de casa, estava sem celular, sem os aplicativos do meu banco, sem as senhas, sem nada. Não conseguia acessar nada, só fui começar a mexer nisso no dia seguinte. Confesso que estava até tranquilo, porque não tinha dinheiro nas contas”, lembrou Lucas.
Empréstimo de R$19 mil
Para a surpresa do representante comercial, quando começou a acionar os bancos e ver as movimentações feitas, ele viu que os criminosos haviam conseguido um empréstimo no valor de R$ 19 mil no banco Next. “Nunca passou pela minha cabeça que eles poderiam fazer um empréstimo no meu nome”, ressaltou.
Assim que o valor do empréstimo foi liberado, os assaltantes fizeram uma transferência via TED de R$ 7.250 e um PIX de R$ 9.500. Além disso, os criminosos fizeram cinco compras de R$ 200 por meio do cartão físico do Next. Ainda segundo Lucas, os bandidos também fizeram compras em outros dois cartões. Porém, os valores gastos nesses bancos já foram estornados.
Quando a conta foi desbloqueada, já tinham feito um pix de R$ 9.500 para uma conta no @picpay e uma ted de R$ 7.500. pic.twitter.com/HRl522h6lx
— Lucas Dallaverde (@lucasdallaverde) June 13, 2022
Além disso, gastaram 400 reais no cartão de crédito do @nubank e @rappibank, que estornaram na hora. E R$ 1.000 reais no cartão do @falanext, e adivinhem, que ainda não estornaram. Assim, como os R$ 18.000 do ted e pix. pic.twitter.com/yk3U00Fusv
— Lucas Dallaverde (@lucasdallaverde) June 13, 2022
Há um mês tentando reverter a situação com o Next, Lucas usou as redes sociais para desabafar sobre o caso, que acabou viralizando nesta semana. Após a repercussão da história no Twitter, o jovem conta que recebeu um contato do banco.
“Me ligaram ontem, falaram que o PIX eles tinha estornado R$ 1, que foi o que acharam na conta do destinatário. E o TED eles ainda iam ver o que dava para fazer”, lamentou Lucas. Sobre as compras do cartão, a vítima também não teve um retorno positivo. “Eu tô lá com R$ 1.000 negativos no cartão de crédito, que eu não paguei, cobrando juros ainda.”
Como se proteger
A movimentação de contas bancárias das vítimas de roubos e furtos de celulares tem se tornado um crime cada vez mais comum. Para se proteger, o advogado Alexandre Berthe, especialista em fraudes bancárias, recomenda que a vítima de assalto tente o mais rápido possível acionar os bancos.
“Se não foi um caso de violência, que a Polícia Militar leva a pessoa automaticamente para a delegacia, o que eu oriento é que ligue para os bancos solicitando o bloqueio total. Mesmo que só tenham levado o celular, é importante pedir o bloqueio de tudo, senhas de cartão, da internet, aplicativo e anotar o número do protocolo”, explica Berthe.
Na sequência, o advogado aconselha que a vítima entre em contato com a operadora de celular para pedir o bloqueio da linha de telefone móvel. Se possível, é aconselhado ainda que a pessoa acesse o e-mail e redes sociais para mudar as senhas. “Feito tudo isso, a pessoa vai na delegacia e registra o que ocorreu”, afirma o advogado.
Mesmo assim, se os criminosos conseguirem fazer alguma movimentação na conta, a vítima precisa entrar novamente em contato com o banco para contestar as ações. Caso o banco negue o ressarcimento, Berthe aconselha que a vítima procure a Justiça.
Conforme o advogado, no Juizado Especial Civil, que não requer advogado, a vítima não tem como apresentar provas do caso, por isso ele aconselha que a pessoa procure a justiça comum. “É aconselhável que a pessoa procure um advogado para entrar com uma ação judicial”, recomenda.
Ainda segundo Berthe, casos como o do Lucas são “falha de monitoramento” por parte do banco.
“Faz parte do padrão dele utilizar empréstimo? Por que ele teria um empréstimo tão alto disponível e liberado na conta dele? Qual foi a análise que o banco fez para saber se a pessoa precisava desse empréstimo? Como que o banco consegue liberar um monte de ações que fogem do perfil de uso dessa pessoa, então é uma falha de monitoramento”, afirma o advogado.