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Jovem tem celular levado e criminosos fazem empréstimo de R$ 19 mil

Além do celular, os bandidos levaram a carteira, objetos pessoais e o carro da vítima, que foi usado em outro assalto da quadrilha

Por Isto É 14/06/2022 18h06 - Atualizado em 14/06/2022 19h07
Jovem tem celular levado e criminosos fazem empréstimo de R$ 19 mil
Lucas Dallaverde foi assaltado em São Paulo - Foto: Reprodução

O representante comercial Lucas Dallaverde, de 29 anos, está há mais de um mês tentando reaver com um banco parte do prejuízo que teve após ser assaltado no último dia 5 de maio, em São Paulo (SP). Com o celular do jovem, os criminosos conseguiram fazer um empréstimo de R$ 19 mil, além de realizarem compras com os cartões de crédito da vítima.

Conforme Lucas, no dia do crime, ele dirigia para o trabalho quando resolveu parar o carro para atender uma ligação de um cliente. Pouco depois, um outro veículo se aproximou e três homens desceram para abordar Lucas. Armados, os assaltantes fizeram a vítima desbloquear o celular e passar a senha.

Além do celular, os bandidos levaram a carteira, objetos pessoais e o carro, que foi usado em outra ação da quadrilha. “É tão aterrorizante na hora e é tão rápido, que eu lembro pouca coisa”, contou Lucas, em entrevista à ISTOÉ.

O representante comercial foi amparado por um comerciante, que estava em outro carro e testemunhou o assalto. Na sequência, Lucas ligou para a esposa e acionou a polícia. “Minha esposa me buscou na loja do cara que me ajudou e quando chegamos em casa a polícia informou que tinham encontrado o carro”, disse o jovem, que passou o dia na 27° DP, aguardando a liberação do veículo.

“Eu cheguei em casa quase 20h da noite, fiquei o dia inteiro fora de casa, estava sem celular, sem os aplicativos do meu banco, sem as senhas, sem nada. Não conseguia acessar nada, só fui começar a mexer nisso no dia seguinte. Confesso que estava até tranquilo, porque não tinha dinheiro nas contas”, lembrou Lucas.

Empréstimo de R$19 mil

Para a surpresa do representante comercial, quando começou a acionar os bancos e ver as movimentações feitas, ele viu que os criminosos haviam conseguido um empréstimo no valor de R$ 19 mil no banco Next. “Nunca passou pela minha cabeça que eles poderiam fazer um empréstimo no meu nome”, ressaltou.

Assim que o valor do empréstimo foi liberado, os assaltantes fizeram uma transferência via TED de R$ 7.250 e um PIX de R$ 9.500. Além disso, os criminosos fizeram cinco compras de R$ 200 por meio do cartão físico do Next. Ainda segundo Lucas, os bandidos também fizeram compras em outros dois cartões. Porém, os valores gastos nesses bancos já foram estornados.

Há um mês tentando reverter a situação com o Next, Lucas usou as redes sociais para desabafar sobre o caso, que acabou viralizando nesta semana. Após a repercussão da história no Twitter, o jovem conta que recebeu um contato do banco.

“Me ligaram ontem, falaram que o PIX eles tinha estornado R$ 1, que foi o que acharam na conta do destinatário. E o TED eles ainda iam ver o que dava para fazer”, lamentou Lucas. Sobre as compras do cartão, a vítima também não teve um retorno positivo. “Eu tô lá com R$ 1.000 negativos no cartão de crédito, que eu não paguei, cobrando juros ainda.”

Como se proteger

A movimentação de contas bancárias das vítimas de roubos e furtos de celulares tem se tornado um crime cada vez mais comum. Para se proteger, o advogado Alexandre Berthe, especialista em fraudes bancárias, recomenda que a vítima de assalto tente o mais rápido possível acionar os bancos.

“Se não foi um caso de violência, que a Polícia Militar leva a pessoa automaticamente para a delegacia, o que eu oriento é que ligue para os bancos solicitando o bloqueio total. Mesmo que só tenham levado o celular, é importante pedir o bloqueio de tudo, senhas de cartão, da internet, aplicativo e anotar o número do protocolo”, explica Berthe.

Na sequência, o advogado aconselha que a vítima entre em contato com a operadora de celular para pedir o bloqueio da linha de telefone móvel. Se possível, é aconselhado ainda que a pessoa acesse o e-mail e redes sociais para mudar as senhas. “Feito tudo isso, a pessoa vai na delegacia e registra o que ocorreu”, afirma o advogado.

Mesmo assim, se os criminosos conseguirem fazer alguma movimentação na conta, a vítima precisa entrar novamente em contato com o banco para contestar as ações. Caso o banco negue o ressarcimento, Berthe aconselha que a vítima procure a Justiça.

Conforme o advogado, no Juizado Especial Civil, que não requer advogado, a vítima não tem como apresentar provas do caso, por isso ele aconselha que a pessoa procure a justiça comum. “É aconselhável que a pessoa procure um advogado para entrar com uma ação judicial”, recomenda.

Ainda segundo Berthe, casos como o do Lucas são “falha de monitoramento” por parte do banco.

“Faz parte do padrão dele utilizar empréstimo? Por que ele teria um empréstimo tão alto disponível e liberado na conta dele? Qual foi a análise que o banco fez para saber se a pessoa precisava desse empréstimo? Como que o banco consegue liberar um monte de ações que fogem do perfil de uso dessa pessoa, então é uma falha de monitoramento”, afirma o advogado.