Famílias de agricultores sertanejos realizam o sonho da posse definitiva de terras em Alagoas
Cada família agora passa a ser dona do pedaço de terra que antes era da competência do Iteral
No sertão alagoano, mais três assentamentos do crédito fundiário, que são acompanhados pelo Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), renegociaram e quitaram a dívida do crédito rural: Alto da Felicidade (Senador Rui Palmeira), Boa Esperança (Ouro Branco) e Bom Nome (Maravilha). No total, são 33 famílias de agricultores que realizaram o sonho de serem donos de um pedaço de terra.
Agora, cada familia dessa passa a ser dona do peça de terra que antes era da competência do Iteral. Os agricultores tinham três anos de carência e 17 anos para pagar o crédito fundiário ao Banco do Nordeste. Mas, segundo informou a assessoria do órgão, a dificuldade é grande e muitos não conseguiram pagar sequer a primeira parcela. Com a Lei Federal Nº13.340/2016, foi possível renegociar. A depender do caso, o desconto da dívida pode chegar a 95%.
Em Senador Rui Palmeira, foram 11 famílias que conseguiram quitar, com muito esforço, a dívida do crédito fundiário no valor de R$ 3 mil. De acordo com a presidente da associação, Josefa Soares da Silva, a renegociação da dívida representa felicidade e renovação. Estão realizando o sonho de serem donos dos lotes e pretendem fortalecer a organização das mulheres camponesas, produção de artesanato e implantar uma granja pequena de galinha caipira.
Já no assentamento em Ouro Branco, são 12 famílias que enfrentam uma seca castigante há seis anos. Muitas famílias tiveram, inclusive, que vender os animais que criavam para juntar o dinheiro necessário e fazer a quitação. O agricultor Francisco de Assis Gomes teve que recorrer aos familiares para fazer o pagamento de R$ 850 do valor que restava.
"Eu gosto muito daqui e não vendo o meu lote nem por todo dinheiro no mundo. Eu tive que pedir dinheiro aos meus filhos que moram fora para me ajudar a pagar, e agora, sou dono desse pedaço de terra", exaltou Seu Francisco.
As 10 famílias do assentamento Bom Nome do município de Maravilha estão transbordando de alegria com a renegociação e liquidação da dívida de R$3.200 do crédito fundiário.
O assentamento é acompanhado pelo Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) e possui a assistência técnica da Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios (Carpil), sendo representada pelas técnicas Neide e Poli.
"Eu estou muito feliz porque realizei o meu sonho. Quando a gente chegou aqui, todo mundo sabia que tinha que pagar, porque era um projeto do antigo Banco da Terra. Paguei com muito sufoco, mas, agora posso dormir sossegada", declarou a agricultora Josefa Gomes.
O diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva, parabenizou todos os agricultores familiares pela determinação em obter esse patrimônio que deve ser preservado e repassado para as próximas gerações.
PNCF
O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) foi criado em 2003, é complementar ao Plano Nacional de Reforma Agrária, sendo um instrumento de democratização ao acesso à terra, combate à pobreza rural e consolidação da agricultura familiar. É coordenado pela Secretaria de Reordenamento Agrário do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) e possui uma política de valorização às mulheres (PNCF Mulher), aos negros (Programa Terra Negra Brasil) e aos jovens de 18 a 28 anos (Programa Nossa Primeira Terra). Em Alagoas, são mais de 3 mil famílias beneficiadas pelo PNCF que recebem o acompanhamento do Governo de Alagoas por meio do Iteral.