Flagrantes de trabalho escravo em Alagoas chegaram a 90 em 2018
No Brasil o número passa de 1.700, segundo os dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT)
O número de trabalhadores flagrados em condições análogas às de escravo no país chegou a 1.723 em 2018. É o que mostram dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), ligada ao Ministério da Economia. Segundo o levantamento, foram flagrados 523 trabalhadores em condições análogas às de escravo em área urbana enquanto que no meio rural foram registrados 1.200 casos. Em 2017, a SIT registrou 645 trabalhadores encontrados nessa situação.
Já em Alagoas, o Observatório Digital do Trabalho Escravo mostra que 90 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão, enquanto 117 trabalhadores alagoanos foram resgatados nas mesmas condições em outros estados brasileiros. No período de aproximadamente 15 anos, ainda segundo dados do observatório, 1380 trabalhadores alagoanos foram resgatados em outros estados da federação, em condições de trabalho forçado, jornada exaustiva ou com restrição de locomoção em razão de dívida – fatores que caracterizam o trabalho análogo à escravidão.
A coordenadora de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), procuradora do Ministério Público do Trabalho Lys Sobral Cardoso, afirmou que os casos de trabalho escravo urbano têm como um dos fatores o êxodo rural, que continua acontecendo no país. “Os trabalhadores continuam saindo do meio rural para o meio urbano. Por falta de oportunidades, eles se sujeitam a qualquer oferta de trabalho que surge, o que aumenta sua vulnerabilidade”, explicou a procuradora.
No ano passado, no Brasil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu 1.251 denúncias, ajuizou 101 ações civis públicas e celebrou 259 termos de ajuste de conduta (TACs) relacionados a trabalho escravo.
Perfil dos resgatados em AL
O Observatório Digital do Trabalho Escravo traz mais um dado: dos egressos alagoanos resgatados em condições análogas à escravidão, 39% estudaram apenas até o 5º ano do ensino fundamental. Já 33% eram analfabetos.
Ainda de acordo com dados retirados do observatório digital, 935 trabalhadores resgatados (67,7%) laboravam em atividades agropecuárias, enquanto 211 empregados explorados trabalhavam na cultura da cana-de-açúcar, o que equivale a 15,2% dos alagoanos resgatados.
Já a maior prevalência de resgates aconteceu no município de Feira Grande, com 90 casos de trabalho escravo. Dos alagoanos resgatados fora do estado, 35 trabalhadores eram naturais do município de Arapiraca.