Canonização de Irmã Dulce está marcada para dia 13 de outubro
Veja em dez pontos o significado e as etapas da celebração que será presidida pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, em 13 de outubro
Irmã Dulce será canonizada pelo Papa Francisco em 13 de outubro, em uma grande cerimônia na Praça de São Pedro, no Vaticano. Essas missas abertas, em que a Igreja Católica reconhece novos santos, ocorrem todos os anos e seguem um ritual solene bem típico.
Basicamente, é uma missa como aquela celebrada em todas as igrejas no domingo, mas com uma parte a mais: o chamado "rito de canonização". Esse "pedaço" diferente da missa costuma ser feito logo no começo da celebração.
A ideia é que, nessa celebração, os novos santos sejam simbolicamente apresentados ao Papa e que ele reconheça essas pessoas como santos.
Por suas virtudes e bons exemplos, a Igreja entende que essas pessoas "estão no céu", ou seja, mais "perto de Deus", e podem "interceder" pelos que ainda estão na Terra. Por isso, os católicos rezam para um santo, pedem ajuda e milagres. Além disso, a Igreja permite que essas pessoas sejam consideradas "modelos" de vida e, portanto, podem ser admiradas com devoção.
Essa tradição existe desde os primeiros cristãos, que consideravam santos principalmente os mártires.
No início, os santos eram reconhecidos principalmente por aclamação popular. No primeiro milênio, eram os bispos locais que declaravam a santidade da pessoa. Eles simplesmente "assinavam embaixo" e reconheciam essa boa fama.
Com o tempo, percebeu-se que era preciso mais rigor na análise, com testemunhos e estudos. E foi no século 12 que as decisões se concentraram nas mãos do Papa. Mais tarde, criaram-se escritórios no Vaticano só para analisar as propostas de canonização.
Hoje, quem faz isso é a Congregação para a Causa dos Santos. Esse escritório estuda a vida dos "candidatos" e os apresenta ao Papa, que, por sua vez, os reconhece. A missa de canonização resume todo esse processo em um único rito.
A cerimônia em dez pontos:
A missa começa com o canto inicial e, logo depois, o Papa abre a celebração. Em seguida, há um canto de “invocação do Espírito Santo”. A ideia é pedir a Deus que o ajude a tomar uma decisão acertada.
O cardeal prefeito da Congregação para a Causa dos Santos – hoje o italiano Dom Angelo Becciu – “apresenta” ao Papa os novos santos. Ele lê uma pequena biografia de cada um. Desta vez, com a Irmã Dulce, serão canonizados também o teólogo e cardeal John Henry Newmann, um dos principais intelectuais cristãos do século 19; outras duas religiosas, Giuseppina Vannini e Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, e uma catequista, chamada Margherita Bays.
Depois vem uma “ladainha”, que é um canto longo, no qual a Igreja invoca a intercessão de todos os outros santos. Os nomes de muitos santos são mencionados nessa ladainha. Mais uma vez, a ideia é pedir que todos eles ajudem o Papa a tomar a decisão mais certa.
Finalmente vem a “fórmula da canonização”. Depois que o Papa lê esse texto em latim, eles já são considerados Santos.
Esta é a fórmula que pode ser usada: "Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e Nossa, depois de refletir por muito tempo, ter invocado a ajuda divina e ouvido a opinião de muitos Irmãos no Episcopado [bispos], declaramos e definimos Santos os beatos [aqui entram os nomes dos novos santos] e os inscrevemos no registro dos santos, estabelecendo que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
Em seguida, há um canto de comemoração para celebrar a canonização e agradecer a Deus.
O cardeal prefeito agradece ao Papa pela decisão e pede que ele redija uma "carta apostólica", documento que formaliza a canonização.
A partir desse ponto, a missa continua normalmente, como uma missa comum de domingo: com leituras da Bíblia, a pregação do Papa (ou "homilia"), consagração do pão e do vinho, e a comunhão.
É comum, no Vaticano, que logo após a missa o Papa reze a tradicional oração do Ângelus, ou oração do meio-dia. É uma oração a Maria, mãe de Jesus, que ele reza todos os domingos na Praça de São Pedro. Nesse momento, ele pode comentar alguma situação política ou humanitária do mundo.
Imagens dos novos santos ficam expostas na Praça de São Pedro desde o início da missa – diferentemente da "beatificação", quando a imagem ou foto oficial é revelada só durante a missa. Os beatos são pessoas de boa reputação que podem ser honradas localmente, mas ainda não por toda a Igreja. Com a canonização, eles passam a ser chamados "santos" e celebrados no mundo inteiro.