Violência contra a mulher é tema de palestras realizadas no HE do Agreste
Projeto foi elaborado por estagiárias do curso de Serviço Social da Ufal/Palmeira dos Índios sob a supervisão de profissionais do HE do Agreste
A violência contra a mulher foi o tema de apresentação realizada nessa quinta-feira (17) na recepção da Ala de Trauma do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca. “O Projeto de Intervenção: Violência Doméstica e Familiar contra Mulheres: a importância da rede de apoio”, é de autoria das estagiárias Highlany Ferreira e Lidiane Mendes, alunas do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Campus Palmeira dos Índios.
A gerente do Hospital de Emergência do Agreste, fonoaudióloga Bárbara Albuquerque, prestigiou a apresentação juntamente com familiares de pacientes que estavam na recepção e profissionais de diversos setores do hospital. A atividade contou ainda com a participação de integrantes da Patrulha Maria da Penha e Casa de Direitos, ambos os serviços oferecidos em Arapiraca.
“É muito importante ver como o projeto foi tão bem elaborado a partir da observação no estágio. Sinal que nossas supervisoras de campo, que acompanham as estagiárias, estão fazendo um trabalho de qualidade para a formação de profissionais dentro do hospital. Parabenizo a equipe pelo olhar humanizado e de acolhimento num tema tão complexo, mas que precisa sempre ser trazido à tona”, afirmou Bárbara Albuquerque.
Com o apoio da gestão da maior unidade pública hospitalar do interior do Estado, o trabalho foi realizado com a orientação das supervisoras de campo, assistentes sociais Andréa Lira e Silvana Amorim, e da supervisora acadêmica Martha Tenório de Oliveira, professora do curso de Serviço Social.
“Durante a nossa vivência no estágio, percebemos que havia um crescimento no número de casos de violência contra a mulher no período de pandemia da Covid-19. Então resolvemos disseminar as informações sobre a rede de proteção. Mostrar que estas mulheres não estão sozinhas, que existe assistência e punição ao agressor”, disse Highlany Ferreira, co-autora do projeto e aluna do 8º período do curso de Serviço Social.
Tipos de violência – Prestes a encarar o mercado de trabalho, as estudantes fizeram uma pesquisa extensa e focada para ajudar as mulheres a identificar os tipos de violência:
Violência física: ações que ofendam a integridade ou a saúde do corpo como bater ou espancar, empurrar, atirar objetos na direção da mulher, sacudir, chutar, apertar, queimar, cortar ou ferir;
Violência psicológica: ações que causam danos emocionais e diminuição da autoestima, ou que visem degradar ou a controlar seus comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
Violência sexual: ações que forcem a mulher a fazer, manter ou presenciar ato sexual sem que ela queira, por meio de força, ameaça ou constrangimento físico ou moral;
Violência patrimonial: ações que envolvam a retirada de dinheiro conquistado pela mulher com seu próprio trabalho, assim como destruir qualquer patrimônio, bem pessoal ou instrumento profissional;
Violência moral: ações que desonram a mulher diante da sociedade com mentiras ou ofensas. E também acusá-la publicamente de ter praticado crime. São exemplos: xingar diante dos amigos, acusar de algo que não fez e falar coisas que não são verdades sobre ela para os outros.
Panfletos explicativos foram distribuídos na recepção. “As mulheres sofrem violência e nem sabem distinguir. Só entendem da violência sexual ou da violência física. O projeto é para abrir os olhos e mostrar quais os tipos e como elas podem se proteger”, explicou Lidiane Mendes, colega de Highlany Ferreira.
Para a assistente social Andréa Lira, uma das supervisoras de campo das estagiárias, o trabalho deixa uma importante semente plantada. “A relevância do tema, trazer informações sobre os tipos de violência e sobre a rede de apoio tanto para as profissionais quanto para acompanhantes e pacientes. Elas estão de parabéns por reunir tantas informações importantes e pela percepção da importância deste papel do Hospital do Agreste, que também encaminha os casos para a polícia, Casa de Direitos, enfim, para que elas possam ter acesso à rede de proteção”, disse Andréa.
A capitã PM Adriana, comandante da Patrulha Maria da Penha, em Arapiraca, considerou importante participar do projeto. “É sempre importante levar informações sobre o trabalho da Patrulha, falar para as mulheres como forma de prevenir e alertar quanto aos tipos de violência que podem estar sofrendo e nem percebem. Estamos efetuando muitas prisões pelo descumprimento de medidas protetivas”, confirmou a comandante, explicando sobre a eficiência do trabalho que é realizado pela Patrulha Maria da Penha desde agosto de 2020 em Arapiraca. Atualmente o trabalho da Patrulha assiste 160 mulheres.
Representantes da Casa de Direitos, serviço vinculado à Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), também participaram da atividade no HE do Agreste. A psicóloga Vanessa Soares e a assistente social Ruany Caroline, do Núcleo de Atendimento à Mulher Vítima de Violência (NAMVV), falaram sobre os trabalhos oferecidos para as mulheres.
“É fantástico ver que estudantes se interessam pelo tema. Nesta vivência de estágio, os futuros profissionais encontram a paixão na área de atuação. O diferencial que percebemos nos trabalhos é que precisam não só da técnica, mas de afeto, amor e acolhimento”, disse Vanessa Soares.
Na próxima segunda-feira (21) acontecerá uma nova rodada de intervenção. “O tema também será abordado nas enfermarias”, adiantou Andréa Lira.