Pesquisa aponta que transportar carga no Brasil é tão perigoso quanto no Iraque
De 2011 a 2016, o número de roubos de carga registrados no Brasil subiu 86%

O comitê do setor de cargas no Reino Unido, listou 57 países em que é mais arriscado transportar mercadorias. Os dados foram divulgados no início do mês e citados hoje (16) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para alertar sobre o impacto desse tipo de crime na economia.
Segundo o Joint Cargo Committee, o Brasil é o oitavo país em que é mais perigoso transportar carga. Se excluídas as nações atualmente em guerra, como Síria e Sudão do Sul, o Brasil passa a ocupar o topo da lista, seguido de perto pelo México.
De 2011 a 2016, o número de roubos de carga registrados no Brasil subiu 86%, passando dos 22 mil casos por ano no levantamento realizado pela Firjan. A soma não leva em conta os casos do Acre, Amapá, Paraná e Roraima, cujos dados não foram obtidos pela pesquisa.
Em 2017, o Brasil levou apenas 44 dias para superar o número de roubos de carga registrados em 25 países europeus, Estados Unidos e Canadá. Apesar de São Paulo concentrar a maior parte dos casos, o Rio de Janeiro chama a atenção pela velocidade com que a incidência do crime vem aumentando.
Como resultado da alta dos custos, já há empresas desistindo de levar suas mercadorias e empresários fechando suas unidades no estado do Rio de Janeiro, por exemplo. Além do encarecimento, o consumidor pode enfrentar falta de produtos se o problema permanecer em alta.
A deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil, Martha Rocha (PDT), apontou que o crime de roubo de cargas no estado tem relação com o controle de territórios na periferia por parte de organizações criminosas, que usam esse crime para financiar outros.
Cargas Roubadas
Os roubos de carga custaram R$ 6,1 bilhões à economia brasileira entre 2011 e 2016, divulgou hoje (16) a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O prejuízo chega a R$ 3,9 milhões por dia.
As perdas causadas por esse tipo de crime têm crescido ano a ano, assim como o número de casos registrados, que aumentou 86%, de 12 mil em 2011 para mais de 22 mil no ano passado. Em 2016, os prejuízos com o roubo de cargas chegaram ao valor recorde de mais de R$ 1,4 bilhão, quase o dobro dos R$ 761 milhões registrados em 2011.
Os industriais pedem penas duras para os crimes de roubo de cargas e receptação e consideram importante contratar mais policiais para recompor os quadros das corporações. Proibir a venda dos bloqueadores de sinal de radiocomunicação é outra medida proposta, já que os equipamentos têm sido usados pelas quadrilhas.
As consequências do crescimento desse crime têm sido o encarecimento dos seguros, taxas extras cobradas pelas transportadoras e repasse dos custos ao consumidor. Com a venda ilegal dos produtos, também ocorre sonegação de impostos, reduzindo a arrecadação do estado.
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