Funcionários dos Correios lançam apelo contra privatização da empresa
Trabalhadores participaram de audiência pública na Câmara e pediram que bancada federal de Alagoas se posicione contrária a projeto do governo
Funcionários dos Correios em Alagoas lotaram o Plenário da Câmara Municipal de Maceió na manhã desta segunda-feira (26) durante audiência pública que debateu ações contra a privatização da empresa no País. O encontro foi proposto pelo vereador Dudu Ronalsa (PSDB), que atendeu apelo dos trabalhadores, preocupados com as ameaças de demissões e fechamento de agências.
Durante a audiência, o parlamentar, se comprometeu - juntamente com os demais integrantes da Câmara -, em buscar o apoio da bancada federal de Alagoas, em Brasília, da Associação Alagoana dos Municípios (AMA) e posteriormente da União dos Vereadores de Alagoas (Uveal) para discutir o assunto e tentar encontrar saídas que impeçam a privatização. Além de Dudu Ronalsa, participou da audiência a vereadora Silvânia Barbosa (PRB).
Os trabalhadores disseram que a empresa é viável, desempenha um caráter social de relevante importância e deve se manter pública. Denunciaram que o sucateamento é uma estratégia do Governo Federal para justificar a necessidade de vender os Correios ao capital privado.
Relataram que os casos de doenças ocupacionais vêm aumentando em função de sobrecarga de trabalho, da falta de estrutura e corte de benefícios como plano de saúde e férias, além de problemas emocionais causados pela ameaça de perder o emprego. Eles também falaram sobre a falta de segurança que enfrentam no dia a dia nas ruas.
“Essa audiência é de um simbolismo muito grande porque aqui temos pais, mães de família que dedicam toda uma vida de trabalho à Empresa de Correios e Telégrafos. Somente por isso esse movimento contra a privatização já teria a sua legitimidade. Entretanto, maior importância tem essa solenidade quando a gente lembra que a ECT executa um serviço público de extremo valor, que atende a todo e qualquer cidadão brasileiro, nos lugares mais difíceis de acesso, onde o cidadão não conhece nenhuma das faces do Estado, seja a saúde, educação, segurança, mas é atendido pelo serviço de postagem”, disse Tácio Melo, advogado do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas.
Prejuízos
O presidente do sindicato, Altanis Holanda afirmou: “O Plenário desta Casa lotado mostra não apenas a preocupação dos trabalhadores com os empregos, mas enquanto cidadão com tudo que vem acontecendo com essa empresa que é do povo brasileiro. Uma empresa respeitada mundialmente”, disse.
Segundo ele, são 1.100 trabalhadores em Alagoas. “Não podemos permitir, como cidadãos, que façam dos Correios negociata, uma mercadoria que se compra na padaria da esquina. Desde que foi criada o seu objetivo é o caráter social, levar cidadania às pessoas. Na agência dos Correios é possível dispor desde serviços postais, a tirar o CPF, fazer uma transação bancária. Imaginem o prejuízo que a população, principalmente dos pequenos municípios, terá para fazer um simples saque, já que boa parte dos municípios não tem banco”.
Robson Nunes, assessor da Diretoria Regional dos Correios, afirmou que o interesse da empresa não é a privatização. “Nenhuma organização vai querer ter seu fim proclamado”, disse e falou sobre reestruturação para buscar o equilíbrio financeiro. Ele informou que só este mês 63 funcionários pediram para sair por meio do Plano de Desligamento Voluntário (PDV).
Disse que 27% dos recursos financeiros da empresa são destinados ao pagamento de despesa. “O restante, 77%, é para folha de pagamento. E essa é uma despesa que eu não posso reduzir. Daí a grande reestruturação que reduzirá de 11 para 3 áreas administrativas. A ideia é que com o término das funções, as pessoas sejam remanejadas para sua área de origem”, informou.
O vereador Dudu Ronalsa encerrou o debate afirmando que a Casa está à disposição dos trabalhadores. “Vamos procurar a bancada federal para fazer esta luta acontecer. Tenho certeza que não há interesse de nenhum deputado nem senador que os Correios sejam privatizados. A gente viu o que já aconteceu com alguns órgãos federais e não deu certo. Apesar do avanço dos meios de comunicação, os Correios continuam sendo muito importante”, afirmou.