Eleições na Nigéria são adiadas após cédulas serem perdidas
Campanha teve mortes em comícios e três centros da comissão eleitoral queimados
A comissão eleitoral da Nigéria adiou em uma semana as eleições presidenciais e legislativas deste sábado (16), a poucas horas para a abertura das zonas eleitorais.
"Para garantir a realização de eleições livres, justas e confiáveis, não é factível seguir com as eleições da forma como estavam programadas", disse à imprensa Mahmood Yakubu, presidente da Comissão Eleitoral Nacional (Inec), antes de anunciar o adiamento para o sábado seguinte, dia 23 de fevereiro.
Yakubu não deu detalhes sobre os problemas que se apresentaram, mas três centros da Comissão Eleitoral foram queimados no país e a oposição denunciou que muitos estados não haviam recebido as cédulas eleitorais.
Um funcionário do Inec disse à agência Reuters que "algumas planilhas de dados e cédulas estão desaparecidas. Nós queremos rastrear todos os materiais sensíveis e fazer um levantamento do que temos e do que está perdido".
Um integrante do governo apontou que, com o desaparecimento de documentos, "a legitimidade de todo o processo será questionada e o vencedor poderia perder a autoridade moral para assumir o governo".
Os dois principais candidatos nas presidenciais são o atual chefe de Estado Muhamadu Buhari, de 76 anos, e o líder da oposição, Atiku Abubakar, de 72, um empresário milionário que foi vice-presidente do país entre 1999 e 2007.
Um total de 84 milhões de eleitores estão inscritos para votar nestas eleições na Nigéria, principal potência petroleira da África e o país mais populoso do continente, com 190 milhões de habitantes.
A campanha foi marcada pela morte de 15 pessoas na terça-feira em um tumulto depois de um comício de Buhari.
O presidente Buhari realizou no sábado passado seu principal evento de campanha em Lagos, a megacidade econômica do país, diante de dezenas de milhares de pessoas.
Por outro lado, o partido Abubakar, que planejava uma concentração em massa em Abuja, teve que cancelar o ato. Abubakar acusou o presidente Buhari e sua formação de estar por trás da proibição de acesso ao local planejado para o comício, uma declaração negada pelo partido no poder.
Durante um mês, Buhari, candidato do Congresso Progressivo (APC), e Abubakar, do Partido Popular Democrático (PDP), o principal movimento da oposição, percorreram os 37 estados da Nigéria, reunindo impressionantes quantidades de seguidores.
Mas na terça passada, ao menos 15 pessoas morreram pisoteadas ao final de um comício de Buhari, em um estádio em Port Harcourt (sudeste).
As pessoas que comparecem a estas manifestações gigantescas, no entanto, podem obter algum dinheiro, comida ou "presentes" jogados pelas equipes de campanha para a multidão, o que gera questionamentos sobre uma presença tão maciça.
A Nigéria mergulhou em uma recessão econômica entre 2016 e 2017, logo depois que Buhari chegou ao poder, e ainda não conseguiu recuperar seu crescimento.