Ambulatório da Sesau atende pacientes em estágio inicial do HIV
Meta prevista é contribuir para a estabilização e adesão ao tratamento pelos portadores do vírus
Para atender especificamente quem acaba de ser diagnosticado com HIV em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) colocou em funcionamento o Ambulatório de Acolhimento para pessoas com sorologia positiva. O serviço está sendo ofertado no Laboratório Central de Alagoas (Lacen), localizado no bairro Jatiúca, em Maceió.
As instalações buscam o cumprimento, no Estado, da ambiciosa meta 90/90/90 estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas, que estabelece o prazo até 2020 para que pelo menos 90% dos os habitantes de Alagoas que estejam vivendo com HIV saibam que têm o vírus; que 90% de todos aqueles com infecção diagnosticada recebam terapia antirretroviral e, ainda, que 90% dos que já estejam recebendo a terapia tenham supressão viral. Ou seja: adquiram boa saúde mesmo sabendo da sua soropositividade.
O ambulatório objetiva ampliar e agilizar o acesso ao tratamento de usuários recém-diagnosticados, dar assistência qualificada e diferenciada, totalmente focada para o momento mais decisivo do tratamento, além de desafogar e apoiar os Ambulatórios Especializados, que poderão concentrar esforço na manutenção da adesão e continuidade do tratamento.
Segundo a infectologista e superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Mardjane Lemos, os usuários ficarão no ambulatório até que seja atingida a carga viral indetectável e a adesão consolidada ao tratamento com os antirretrovirais. A partir de então, os pacientes serão encaminhados para o segmento nos Serviços Ambulatoriais Especializados (SAE).
“Recomendamos que todos os casos novos de HIV diagnosticados nas unidades de Saúde, bem como em ações itinerantes do Estado de Alagoas, sejam encaminhados ao Ambulatório de Acolhimento. O paciente que descobre ser soropositivo precisa de muita atenção nos primeiros meses, pois é um período que demanda mais cuidado no que diz respeito à adesão ao tratamento”, disse Mardjane Lemos.
Ainda segunda ela, o período limite para que o paciente fique com sua carga viral indetectável é de no máximo seis meses. Caso isso não aconteça, é porque ele não está tomando a medicação de forma correta. Nesse mesmo período, a maioria deles tem também uma boa resposta da imunidade.
“Seis meses é o tempo para que ele passe a demandar de menos cuidado de profissionais ao seu lado. Então, colocar um usuário que está estável num serviço que já tem muito paciente, é totalmente diferente daquele que precisa de toda uma atenção”, explicou.
O serviço, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e das 13h30 às 17h30, conta com uma equipe multiprofissional, formada por duas infectologistas, um farmacêutico, duas enfermeiras, duas psicólogas e um técnico de enfermagem. Desde fevereiro, o Ambulatório de Acolhimento já conseguiu assistir 32 usuários, proporcionando, assim, melhoria na qualidade de vida, adesão ao tratamento e longevidade.
“Como a equipe é toda voltada para pacientes novos, a abordagem é totalmente diferente da que é feita a usuários que abandonaram o tratamento ou daqueles que já estão desenvolvendo doenças oportunistas, como tuberculose. Por isso, o foco do ambulatório é todo em cima da estabilização e adesão ao tratamento”, ressaltou. Para ter acesso ao serviço, o agendamento pode ser feito pelo próprio usuário ou pelo serviço que o diagnosticou.
Mardjane Lemos afirma que a orientação passada a todos os profissionais é que, diante de um teste rápido positivo, não deixe o paciente sair sem que a consulta seja marcada. De acordo com ela, a consulta está demorando, em média, cinco dias para ser agendada no Ambulatório de Acolhimento.
Dados
Em 33 anos, de janeiro de 1986 até a primeira quinzena de março deste ano, foram registrados 6.982 casos de Aids em Alagoas, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Do total de diagnosticados com a síndrome, 4.631 são homens (66,3%) e 2.351 mulheres (33,7%). A maior concentração dos casos da doença está nos indivíduos com idade entre 30 a 39 anos.
Já no período de janeiro de 2014 até a primeira quinzena de março deste ano, foram notificados no Sinan, 3.841 casos de infecção pelo HIV em Alagoas, sendo 2.289 em homens (59,6%) e 1.552 em mulheres (40,4%).