Jornalista alagoano faz desabafo sobre racismo nas redes sociais
Sílvio ainda comentou sobre o caso do jovem negro acusado de furtar celular em supermercado de Maceió
Nessa segunda-feira (23), por meio das redes sociais, o jornalista, Sílvio Teles, fez um desabafo sobre os tipos de racismo sofridos por ele durante sua vida.
Ao longo do post, Sílvio, que também é formado em Direito e policial militar, relatou como a cor de sua pele define o modo que ele tem sido tratado pela sociedade.
Além disso, ele faz questionamentos e acentua as feridas que foram abertas ao longo do tempo.
Confira o post:
"Eu sou negro. Pele escura, cabelo crespo, nariz largo. E, embora vocês possam pensar que não, eu sou vítima de racismo. Não foram poucas as vezes que, por usar terno e gravata, eu fui abordado pelas pessoas, nas festas e eventos, me perguntando onde fica o banheiro ou onde é a porta de saída do local. É algo que parece simples mas eu me pergunto: por que, sem que eu diga nada, as pessoas acham que eu sou o segurança do evento? Porque, amigos, a minha cor responde por mim: negro é o segurança, o cara da limpeza, o garçom... Não que a minha atual função seja melhor que aquelas com as quais sou confundido, essa não é a questão. A questão é: Por que eu nunca sou confundido com um convidado, um professor, um “doutor”? Eu sempre respondo às pessoas muito cordialmente, dando-lhes a resposta pretendida, se eu souber, enquanto me apresento. E me apresento para que elas quebrem esse automatismo racial que classifica as pessoas pela cor de sua pele. E é por isso que eu vibro quando vejo pretos, como eu, contrariando a “lógica”, ocupando espaços que a sociedade ainda não reconhece como também deles, como nossos! Poderia dar mais exemplos do racismo que sofro no meu prédio, ao ser confundido com funcionários, ou na agência bancária, ou no mercado... O racismo é algo real, uma enfermidade social que precisa ser encarada com muita coragem. Eu sou preto e não me intimidarei pelo comportamento de quem tenta invisibilizar nossa luta por igualdade."
Sílvio ainda comentou sobre o fatídico caso do jovem negro de 19 anos, que foi acusado de ter furtado um celular em um supermercado na cidade de Maceió.
"Aconteceu o que acontece com os pretos desse país. Somos identificados como uma massa pobre, delinquente e periférica, que, não tendo face ou nome próprio, entra na vala comum dos acusados apenas porque somos negros Somos, primeiramente acusados, para depois procurarem saber qual o nosso nome, profissão, procedência, origem, o que fazemos. Ser negro é ser, preliminarmente, culpado, ao invés de, como qualquer outro, ser considerado inicialmente inocente", ressaltou.
Ainda sobre o relato, Sílvio conclui com os impasses sofridos por ele, " Eu me chamo Silvio de Jesus Teles, sou major da PM, jornalista, bacharel em direito, mestre de cerimonias. Isso, pra quem me conhece. Se não, vem o senso comum: ele é preto. Deve ser o segurança do evento, o menino da limpeza do prédio, o cliente que quer empréstimo no banco. Eu já fui confundido com todas essas situações", finalizou.
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