‘Aguardemos muitas outras correções’, diz Bolsonaro sobre relatório da PF
Os crimes atribuídos ao ex-presidente foram de peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e lavagem de dinheiro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a Polícia Federal após a corporação divulgar um relatório sobre a venda ilegal de joias com erro sobre os supostos valores desviados. Mais cedo, a PF voltou atrás e informou ter errado no valor supostamente desviado pelo ex-presidente no caso da venda ilegal das joias.
Inicialmente, em relatório enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a corporação mencionou o valor de R$ 25.298.083,73. Entretanto, o valor total da operação é de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,661. O valor é de R$ 18 milhões a menos do que inicialmente divulgado.
“Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF, Acervo ou PF, inclusive as armas de fogo. Aguarda-se a PF se posicionar no caso Adélio: ‘quem foi o mandante?. Uma dica: o delegado encarregado do inquérito é o atual Diretor de Inteligência”, disse.
Segundo o documento, a Polícia Federal calcula que o ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores dele atuaram para desviar mais de R$ 6,8 milhões a partir da venda de joias e presentes dados por autoridades internacionais. A soma considera os itens que, segundo os investigadores, foram objeto da atuação da associação criminosa, para propiciar o enriquecimento ilícito do ex-presidente, mediante o desvio dos bens para patrimônio pessoal.
Joias avaliadas em R$ 16,5 milhões da Arábia Saudita são apreendidas pela Receita Federal em aeroporto de São Paulo, com assessor de ex-ministro que representou Bolsonaro em viagem oficial ao Oriente Médio, em outubro de 2021. Ministério Público Federal é acionado para investigar as joias de diamante apreendidas.
“O valor não considera os bens ainda pendentes de perícia, além as esculturas douradas de um barco e uma árvore e o relógio Patek Philippe, desviadas do acervo público brasileiro e ainda não foram recuperadas”, detalha a PF, completando que o levantamento corrobora como prova para os indiciamentos.
Os investigadores apontam, ainda, que o dinheiro arrecadado pelas vendas pode ter custeado despesas em dólar de Bolsonaro e da família nos Estados Unidos. Segundo a corporação, “a utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”.
“No sentido de valorar os bens que foram objeto dos atos de desvio (e tentativa de desvio) perpetrados pela associação criminosa para enriquecimento ilícito do ex-presidente Jair Bolsonaro, as joias foram submetidas a procedimento pericial, com o objetivo, dentre outros, de aferir o valor mercadológico dos bens”, disse a corporação.
O ministro Alexandre de Moraes retirou nesta segunda-feira (8) o sigilo do caso das joias e enviou o processo para a PGR (Procuradoria-Geral da República). Agora, a PGR terá o prazo de 15 dias para pedir mais provas, arquivar o caso ou apresentar denúncia.
A PF acredita ter provas robustas para incriminar Bolsonaro e ex-assessores. Os crimes atribuídos ao ex-presidente foram de peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e lavagem de dinheiro.