Economia

Dólar dispara e Bolsa afunda, com IPCA, Fed e dúvidas sobre fiscal

Moeda americanas fechou em alta de 1%, a R$ 5,58. B3 registrou queda de 1,18%. Commodities também caíram no mercado internacional

Por Metrópoles 09/10/2024 20h08
Dólar dispara e Bolsa afunda, com IPCA, Fed e dúvidas sobre fiscal
Dólar fecha em alta, a R$ 5,58 - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O dólar fechou em alta de 1%, cotado a R$ 5,58, nesta quarta-feira (9/10), depois de ter atingido quase R$ 5,60 na máxima do dia, por volta das 15h50. A Bolsa brasileira (B3), por sua vez, registrou queda de 1,18%, aos 129.962 pontos.

Na avaliação de analistas, o desânimo dos investidores pode ser explicado por três fatores. O primeiro deles é local e está associado ao Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, divulgado nesta quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
O indicador mostrou que os preços subiram 0,44% em setembro, a maior variação para o mês desde 2021. A alta, porém, não foi tão expressiva, ficando até pouco abaixo das estimativas do mercado. Mas ela foi puxada pelo avanço de 1,80% no grupo de “habitação”, em que os preços da energia elétrica residencial dispararam 5,36%, como resultado da mudança de bandeira tarifária. Para os técnicos, isso indica que a inflação pode aumentar nos próximos meses.

Ata do Fed

Além disso, observa Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que cortou os juros em 0,50 ponto percentual no país, não animou os agentes econômicos. Para ele, o documento “evidenciou uma tendência de desaceleração da economia dos Estados Unidos, com consequente risco de aumento de desemprego”. “Isso avaliza a tendência de baixas menores dos juros nas próximas reuniões do Fed”, diz Castro.

Para João Vitor Saccardo, responsável pela mesa de renda variável da Convexa, a ata do Fed, com a interpretação de uma redução mais lenta dos juros nos EUA, impactou as curvas futuras do mercado americano e provocou uma forte abertura em todos os vértices de juros aqui no Brasil. “Ainda houve uma queda nos preços de commodities, após uma frustração do mercado com os estímulos recentemente anunciados pela China”, diz.

Dúvidas sobre o fiscal

Por fim, para os especialistas, além do IPCA e da ata do Fed, questões fiscais, que tratam da relação entre despesas e receitas do governo, persistem no Brasil, provocando incertezas no mercado. Guilherme Morais, da VG Research, observa que os investidores estão reagindo mal, por exemplo, à possibilidade de criação de um novo imposto mínimo para milionários. Além disso, notaram outros analistas, há pautas em curso que preocupam os agentes econômicos, como a discussão sobre o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.

Com isso, o Ibovespa, o principal índice da B3, teve um dia de baixa generalizada, com poucas ações conseguindo sair do vermelho. As principais âncoras da Bolsa, como Vale e Petrobras, além dos bancos Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, registraram queda.

Castro, da Matriz Capital, destaca que, apesar do quadro geral ruim, “algumas empresas estavam se valorizando” na Bolsa. “É o caso de Usiminas, Pão de Açúcar e Embraer”, diz. “A Usiminas sobe sem alta do minério de ferro no mercado internacional, o que evidencia um provável movimento institucional (investidor de grande porte comprando o papel). O Pão de Açúcar se valoriza na contramão do pessimismo com o varejo brasileiro e a Embraer segue a trajetória de alta, que já acumula 175% nos últimos 12 meses.”