Alagoas

Psicóloga é destaque na Região Norte nas políticas da Assistência Social

Adriana Cristina dos Santos tem o trabalho reconhecido em vários municípios

Por Maurício Silva 13/03/2024 08h08
Psicóloga é destaque na Região Norte nas políticas da Assistência Social
Adriana Cristina é uma voz muito conhecida em defesa das mulheres - Foto: Reprodução/Instagram

A psicóloga Adriana Cristina dos Santos tem deixado sua marca nas cidades de Maragogi, Japaratinga, Porto Calvo, Matriz de Camaragibe, Barra de Santo Antônio e Campestre. Ela é destaque na Região Norte de Alagoas quando o assunto são as políticas Assistência Social, em especial aquelas voltadas às mulheres. A técnica do Creas é mais uma personagem da série especial sobre mulheres que inspiram, nas reportagens especiais do 7Segundos sobre o Mês da Mulher.

Adriana Cristina dos Santos se formou em psicologia em dezembro de 2013, sendo que em 2014 já entrou na política de assistência, mas foi em 2016 quando ingressou no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) que ela encontrou seu papel de defensora das mulheres. As dificuldades vivenciadas por muitas pessoas do sexo feminino ela sentiu na pele quando foi abandonada pelo pai. Um caso de violência doméstica na própria família fez Adriana lutar ainda mais pelas mulheres.

Adriana Cristina durante atuação em evento em Maragogi. Foto: Reprodução/Instagram

Desde pequena ela aprendeu a ser forte e lutar. “A questão de não ter conhecido minha família paterna, nunca foi um problema, até porque cresci ouvindo de minha mãe e avós que eu só precisava deles e não de quem deu às costas e foi embora. Fui apenas mais uma criança, de milhões, que foi e será criada pela mãe”, revelou.

Ela tem muito orgulho da sua história de vida. “Sou de família humilde. Hoje sou a única pessoa da família materna, a única que conheço, que conseguiu vencer através dos estudos, que atua, que fez faculdade, solteira (já fui casada). Me apaixonei pela política de assistência social, talvez por ter vindo de família carente e entender quanto é importante a política de assistência voltada para essas famílias e essas que sofrem violência”, salientou.

A psicóloga é uma das defensoras das mulheres mais conhecidas na Região Norte de Alagoas. “Ajudar mulheres a romperem com o ciclo da violência, incentivar o empoderamento, ajudar na autoestima, encaminhar para a rede pública, caso seja necessário. Eu tenho alegria em ser uma militante neste assunto. Vejo que encontrei minha missão. Todos devem ter uma missão nesta vida e eu encontrei a minha”, afirmou.

Violência na família

Adriana Cristina é uma pesquisadora da violência doméstica desde quando era estudante. “Comecei a estudar a violência doméstica ainda em 2012 quando eu ainda estava na faculdade e eu tinha uma situação na minha família em que uma mulher sofria violência doméstica com hematomas, olho roxo, era humilhada, sofria violência psicológica, muita pobreza. Aquilo me incomodava e eu disse: ‘é nesta área que eu quero estudar, quero me especializar até para não ser uma possível vítima posteriormente’ porque o conhecimento liberta. O combate à violência parte do conhecimento”, ressaltou. Ela tem vários artigos publicados baseados no tema de violência contra a mulher.

Creas

O Creas trabalha com pessoas que tiveram os direitos violados, principalmente o público feminino. “Porém, as mulheres que sofrem violência é um caso que me sensibiliza mais, que toma mais a minha atenção, tanto por ser mulher, tanto por entender o processo sócio histórico que ainda hoje respinga nas mulheres, esse machismo patriarcal, que mesmo a gente tendo tantas leis a favor da mulher, que protege a mulher, a violência contra este público ainda é alto e eu passo a pensar que vai muito mais além de ter políticas públicas, de ter punições, mas sim uma desconstrução que o homem tem o poder sobre a mulher, que o homem é dono daquela mulher, que ele pode manter e até matar caso essa não lhe obedeça ou caso esta não lhe queira mais, como é a maioria das situações”, disse Adriana.

Defensora das mulheres

Adriana Cristina é conhecida por ser uma grande defensora das mulheres. “Eu sempre digo: ‘sou mulher, vou defender a mulher sempre e vou defender sempre’. Porém, ela cometendo algo errado perante a justiça, que ela pague. Mas sempre que uma mulher morre vítima de feminicídio, costumo dizer que é uma irmã a menos. Isso me sensibiliza principalmente por saber que são mulheres vítimas de violência doméstica, que a gente sabe que essa violência doméstica não é apenas causada pelo marido, pelo ex-companheiro, mas que a própria lei diz que a vítima da família tem que ser uma mulher, não importa que seja uma criança, deficiente, idosa, apesar de existir legislações especificas voltadas para a pessoa idosa, mas que não deixa de ser violência contra a mulher”, explicou.

Lei Maria da Penha

A técnica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) elogia muito a lei Maria da Penha, mas ressalta que o cidadão deve fazer a sua parte. “A lei não vai funcionar enquanto você souber que uma mulher é vítima e você não denuncia, não busca ajuda, não acolhe essa mulher. A justiça só faz alguma coisa se ela é acionada. Continuo na luta, continuo firme. Romper o ciclo não é fácil. Estamos firmes e fortes e eu me considero uma pessoa necessária e gostaria que tivesse mais outras mulheres também na luta. Essa luta não é só minha, é uma luta de todos”, ressaltou.

Formação

Adriana Cristina dos Santos tem 34 anos de idade. Ela é formada em Psicologia com especialização nas seguintes áreas: Saúde mental com ênfase em CAPS; Prevenção a violência escolar; Psicogerontologia; e agora está fazendo especialização em Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes. Ela é também palestrante e professora.

Adriana Cristina durante premiação quando atuava na Assistência Social de Maragogi. Foto: Reprodução/Instagram