Lula diz que não vai ligar para Trump para tratar de tarifaço, mas para convidá-lo à COP30
Declaração ocorre às vésperas do início das tarifas impostas pelos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (5) que vai ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas, ao contrário do que tem sido especulado, o telefonema não será para discutir as tarifas impostas pelos norte-americanos, e sim para convidá-lo a participar da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre o Clima), que será em Belém, no Pará, em novembro.
“Eu não vou ligar para o Trump para comercializar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Vou ligar para ele, para o Xi Jinping [presidente da China], para o primeiro-ministro [da Índia], Modi. Só não vou ligar pro Putin [presidente da Rússia] porque o Putin não está podendo viajar. Vou ligar para muitos presidentes”, afirmou.
A declaração ocorre em meio à escalada de medidas protecionistas dos Estados Unidos, como o recente aumento das tarifas sobre pneus brasileiros exportados ao país. A partir desta quarta-feira (6), os EUA passarão a aplicar uma tarifa total de 50% sobre produtos brasileiros.
Uma ligação de Lula para Trump para tratar das tarifas tem sido especulada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a dizer que o telefonema poderia acontecer, mas que é preciso preparação para que a conversa ocorra. “Quando dois chefes de Estado conversam, existe preparação prévia para evitar que um país subordine o outro. Há protocolos mínimos, um arranjo diplomático. São dois países soberanos; não é um correndo atrás do outro. O Brasil é grande, e isso não é arrogância, mas uma postura digna à mesa de negociação”, explicou.
Por ora, o Lula afastou qualquer retaliação e optou por priorizar a negociação direta com o governo norte-americano. Durante conferência do Partido dos Trabalhadores, realizada no domingo (3) em Brasília, o presidente afirmou ter “limites” sobre o que pode declarar publicamente nas negociações com os Estados Unidos.
“Nessa briga com a taxação dos EUA, eu tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo que acho que devo falar, tenho que falar o que é possível falar, o que é necessário”, disse Lula, sugerindo cautela estratégica.
Segundo o presidente, o movimento tarifário norte-americano seria uma reação ao fortalecimento da presença internacional do Brasil. Ele citou, como exemplo, a busca por acordos com a União Europeia por meio do Mercosul.
“Isso começa a assustar pessoas que acham que são donas do mundo. ‘Como é que aparece um país que até ontem era tratado como se fosse republiqueta de bananas querendo falar grosso? Querendo dizer que é preciso criar uma moeda de comércio para não ficar tudo dependendo do dólar? Como é que parece um país que fica ousando desafiar a grande potência?’”, questionou.
Na sequência, Lula negou qualquer provocação intencional: “Nós apenas queremos dizer, eu quero passar. É só isso”.
O presidente defendeu uma política externa baseada na “igualdade de condições” e afirmou ser inaceitável vincular temas políticos à imposição de tarifas econômicas.
“Os EUA são muito grandes, o país mais bélico do mundo, mais tecnológico do mundo, o mais econômico do mundo. Tudo isso é muito importante, mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Temos interesses econômicos, temos interesses estratégicos, queremos crescer e não somos uma republiqueta”, concluiu.
“Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável.”
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