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Colégio de Palmeira onde ocorreria suposto ataque levanta debate sobre redes sociais

Coordenadora afirma que Colégio Cristo Redentor está preocupada com alunos que foram alvo de boato

Por Patrícia Bastos 20/03/2019 12h12
Colégio de Palmeira onde ocorreria suposto ataque levanta debate sobre redes sociais
O Centro Educacional Cristo Redentor, em Palmeira dos Índios, tem mais de 70 anos de existência e conta com cerca de mil alunos - Foto: Reprodução

Após o abalo sofrido pelos alunos e pais provocado por fake news de que ocorreria um suposto ataque ao Colégio Cristo Redentor, em Palmeira dos Índios, a escola levanta debate sobre o uso das redes sociais. A coordenadora da unidade de ensino, Ana Cristina de Lima Moreira afirma que a psicóloga e a assistente social que atuam na escola já fazem orientação aos alunos, mas a partir de agora esse trabalho vai ser intensificado e extendido aos pais.

"Foi uma situação que tomou proporção muito maior do que deveria. A gente compreende que, nesse momento em que estamos vivendo, após o ataque na escola de Suzano e de outros casos ocorridos nos Estados Unidos, exista o medo que situações voltem a se repetir. Por irresponsabilidade, alguém passou a compartilhar informações que geraram pânico e massacraram dois jovens inocentes", afirmou.

A decisão de procurar a Promotoria da Infância e da Juventude do município e a Polícia Civil, de acordo com a coordenadora foi tomada no intuito de receber orientações sobre como proceder e também para mostrar que a escola tomou as atitudes necessárias para proteger os estudantes.     "A ameaça de ataque foi um boato. Não temos dúvida quanto a isso. Mas não podíamos deixar de tomar providências quanto a isso, temos que cumprir o nosso papel", justificou.

 Ana Cristina afirmou que as aulas começaram normalmente, na manhã de terça (19) e depois que mensagens sobre a intenção de alunos de cometerem um suposto ataque, se espelhando no massacre ocorrido na escola de Suzano, pais aflitos foram buscar seus filhos na escola. Após a coordenação esclarecer o caso junto aos dois adolescentes que foram vítimas do boato, tomou providências no sentido de tranquilizar a comunidade escolar. De acordo com ela, ainda na terça houveram reuniões com pais de aluno no período da manhã e da tarde, além da audiência com o promotor Sérgio Vieira. Na quinta (21), a direção da escola terá uma audiência com o delegado regional Alexandre Leite.

"Um boato não devia tomar propoções deste tamanho. O que aconteceu serve para nós refletirmos sobre o uso das redes sociais. A pessoa que espalhou isso talvez não tenha noção do mal que provocou aos dois jovens. Eles foram massacrados são as maiores vítimas disso tudo", afirmou.

"O que tem de verídico nisso tudo é a foto publicada em uma rede social de um deles usando uma máscara. Mas essa foto foi tirada em janeiro, não tem nenhuma relação ao que aconteceu em Suzano. Depois do ocorrido, essa imagem virou motivo de brincadeiras entre eles, em um grupo de WhatsApp e, daí, por irresponsabilidade de alguém, isso saiu desse grupo e se transformou nisso tudo", explicou.

Segundo ela, os dois adolescentes estão sendo julgados por seus gostos musicais e estilo pessoal. "Quem começou a espalhar isso esqueceu que estava se referindo a dois jovens. Ninguém pode ser considerado suspeito apenas porque gosta de certo tipo de música, ou joga determinado jogo. Esperamos que esse caso sirva de exemplo, para que as pessoas passem a ter mais cuidado com o que compartilham nas redes sociais e não repassem informações sem a certeza de que elas são verídicas", afirmou.

O promotor da Infância e da Juventude, Sérgio Vieira, já adotou providências em relação ao caso. Além de solicitar estudo psicossocial dos adolescentes, ele deve conversar com eles e com os pais dele na próxima quinta-feira (21).

"Nossa conduta, em um caso como este é de apurar, por isso a Polícia Civil já começou investigação sobre o caso. Depois que ficar esclarecido iremos verificar que medidas precisam ser adotadas. A escola nos informou que os adolescentes não têm comportamento violento e não estavam portando armas", afirmou.

Para o 7Segundos, Sérgio Vieira disse ainda que a apuração do Ministério Público se estende também a descobrir a origem das mensagens que foram compartilhadas que continham imagens dos adolescentes. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o compartilhamento de imagem de qualquer pessoa com menos de 18 anos só pode acontecer com autorização dos pais ou responsáveis. "O compartilhamento dessas fotos é crime, por isso a Polícia Civil deve investigar e chegar aos envolvidos", ressaltou.

A reportagem tentou entrar em contato com o delegado regional de Palmeira dos Índios, Alexandre Leite, mas na manhã desta quinta ele estava em diligências em local incomunicável.

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