Famílias dos reeducandos do presídio do Agreste não aceitam novo calendário de visita e organizam protestos
Eles reivindicam a presença da Polícia Militar para manter a segurança durante as visitas
Após nove meses sem poder visitar os parentes que estão cumprindo pena no presídio do Agreste, localizado na zona rural de Girau do Ponciano, as famílias dos reeducando ficaram revoltadas com a divulgação da data para reiniciar as vísitas: 11 de dezembro. A nova data foi divulgada pela Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris).
As visitas foram suspensas não somente pelas medidas de proteção exigidas pelo distanciamento social. A questão é muito mais profunda. O problema se agravou porque os policiais que trabalham no sistema penitenciário do estado, desde o ano passado reivindicam a ampliação do pagamento da Bolsa Qualificação.
Como forma de pressionar o governo do estado, foi impedida a entrega das cestas básicas nos presídios da capital, e a visita dos familiares em todo o sistema penitenciário do estado, incluindo o presídio do Agreste.
Desde essa proibição, as famílias tentavam junto às autoridades políticas, OAB, Defensoria Pública, Ministério Público, bem como outros parceiros, uma intermediação para encontrar alternativas de retomar as visitas, independente das reivindicações dos policiais penais.
No mês de novembro, por meio de uma intermediação do professor Clébio Araújo, foi realizada uma reunião no Presídio do Agreste com a presença do deputado federal Paulão (PT) e dos representantes da instituições citadas acima. Nessa reunião ficou acordado que no dia 15 de outubro, seria divulgado um calendário para reiniciar as visitas.
Mas para a surpresa das famílias do reeducandos, esse acordo não foi cumprido, e somente ontem (24) divulgaram que as visitas serão reiniciadas em 11 de dezembro.
Valdice Barbosa Alves dos Santos, que integra a comissão de mulheres que representam as famílias dos reeducandos afirmou que data do novo calendário deixou os familiares mais angustiados.
Ela informou que da outra vez foi a mesma situação. Informaram uma data e quando chegou o dia o Serviço Social do presídio ligou para os familiares e cancelaram as visitas.
"Isso é um desrespeito às familias e aos reeducandos que estão há tanto tempo sem receber uma visita. Já tem relatos de tentativa de suicídio e mãe idosas em depressão porque não tem contato com os filhos e outros parentes encarcerados", desabafou.
Valdirene Barbosa afirmou que as famílias não vão aceitar mais essa espera. " Nós não podemos ser penalizados em função de uma reivindicação dos policiais penais. Eles deveriam acampar na porta do palácio e não impedir a visita aos presídios", desabafou.
A integrante da comissão informou as famílias já estão articulando protestos para exigir a realização das visitas imediatamente com a presença da Polícia Militar como ocorreu durante o ano passado.
Abaixo, a nota divulgada ontem pela Seris sobre a negociação do pagamento da bolsa dos agentes e a retomada das visitas.
Gestores da Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e Secretaria do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) participaram, nesta terça-feira (24), de reunião que contou com a presença de representantes do Sindicato dos Policiais Penais (Sinasppen).
Ficou acordado que a Mensagem relativa à bolsa qualificação dos policiais penais (com a ampliação do prazo de vigência para 24 meses) será encaminhada à Assembleia Legislativa de Alagoas até o próximo dia 09 de dezembro.
Após a reunião, a Seris também definiu a data para retomada de rotinas carcerárias como o recebimento de gêneros alimentícios levados pelos familiares dos reeducandos. Já a partir do próximo dia 11 de dezembro, a entrega das feiras e as visitas aos custodiados serão retomadas gradativamente, considerando o protocolo de prevenção à Covid-19, a exemplo do uso obrigatório de máscara de proteção.