Educação

Pedagoga aponta impacto social de baixo número de inscritos no ENEM 2021

Sara Egito nos contou as suas perspectivas sobre o assunto

Por 7Segundos 26/07/2021 07h07 - Atualizado em 26/07/2021 09h09

Enem 2021 - Foto: Reprodução/Web

Por conta da pandemia, o número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano apresentou uma redução significativa no seu número de inscritos. Nesta edição, a prova contou apenas com 3.109.762 pessoas, correspondente às provas impressas e digitais, sendo esta a menor quantidade já registrada nos últimos 13 anos.

Em busca de tentar compreender melhor os impactos da pandemia na realização da prova, assim como buscar respostas pela queda brusca no número de inscritos, a redação do 7segundos Maceió conversou com a pedagoga Sara Egito.

Mestra em educação, a profissional nos forneceu suas perspectivas sobre o impacto social da prova e apontou diversos problemas para a falta de interesse em se inscrever para o exame, dentre eles o valor cobrado na inscrição somada a falta de estrutura para estudantes de escolas públicas.

Confira abaixo, a entrevista completa

7Segundos - O ENEM deste ano teve o menor número de inscritos, sendo apenas 3.109.762. Na sua visão, qual o principal motivo dessa queda?

Sara - Acredito que houve diversos fatores, sendo eles: nesse ano não houve taxa de isenção e o valor do ENEM foi R$ 85,00. Sabemos que existem muitos estudantes que não têm condições de pagar esse valor, então com certeza foi o principal motivo do baixo número de inscritos. A pandemia pode ter sido outro fator para que os estudantes não se inscreverem no ENEM, tanto pelo medo da contaminação, mas primordialmente pelo fato que boa parte do ano letivo em 2020 se deu de modo online ou remoto, e os estudantes ainda não estavam adaptados a esse modelo de educação, o que pode ter resultado em inseguranças.

7- Quem devem ser esses jovens que conseguiram se inscrever na prova?

S- Os jovens que têm poder aquisitivo e conhecimento científico (estudantes de escolas privadas de grande e médio porte

7 - As atuais condições do ensino público em meio a pandemia prejudicam o jovem de ingressar na universidade?

S - Infelizmente sim, primeiro que falta estrutura para o ensino remoto ou online nas escolas públicas, segundo que os professores também não estavam preparados para esses modelos de ensino, sequer tinham formações continuadas voltadas para as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) na Educação. E por último, os estudantes de escolas públicas têm pouco ou nenhum acesso à internet, como eles frequentaram as aulas? Esses três fatores, podem ser as razões de trazer prejuízos ao ingresso dos estudantes de escolas públicas nas universidades

7 - O que o ENEM representa para o jovem e o que não realizar a prova significa para a vida dessas pessoas?

S - O ENEM é uma possibilidade de mudança social, além de contribuir com a realização pessoal e profissional. Na universidade os estudantes terão acesso a pesquisa, eles irão fazer ciência e irão estudar para serem bons profissionais. Com isso, podemos observar que o ENEM é a porta de entrada para uma educação de qualidade e realização de sonhos. E a não realização do ENEM pode representar exclusão e atraso para essa mudança social que os estudantes almejam.

7 - Acha que o Ministério da Educação ou o Governo Federal tem uma parcela de responsabilidade no baixo número de inscritos desta edição?

S - Sim, a partir do momento em que o governo e o ministério da educação retiram a taxa de isenção, excluem uma parcela de estudantes que não tem condições de pagar o valor da inscrição.

7 - Como você avalia uma possível retomada das aulas presenciais em Alagoas? Acha que com a retomada delas, os alunos ainda teriam chance no ENEM?

S - Eu sei que o momento que estamos vivendo ainda é de distanciamento, mas o retorno das aulas é imprescindível, a educação deve ser prioridade sempre, porém para isso é necessário que os municípios e o Estado forneçam a infraestrutura necessária para garantir a segurança dos estudantes e professores.