Vítimas da mineração fazem carta sobre venda das ações da Braskem
Texto alerta população sobre dívidas não pagas pela mineradora

Vítimas do afundamento do solo em Maceió redigiram uma carta aberta alertando investidores e civis sobre a venda das ações da Braskem. O documento é assinado por artistas, entidades e pessoas físicas e alerta a respeito das dívidas e indenizações não pagadas da empresa.
“A Braskem tem um passado não resolvido nem precificado em Alagoas, uma dívida que pode oscilar entre 7 e 12 bilhões de reais”, adverte a carta aberta. “Esses valores são relativos aos prejuízos materiais e imateriais causados pela empresa no desastre ambiental decorrente da mineração do sal-gema na cidade de Maceió, desastre que se tornou conhecido em março de 2018 e que já foi noticiado pela imprensa nacional e internacional”, acrescenta o texto.
O principal objetivo do documento é ressaltar que grande parte das pessoas diretamente atingidas e o município de Maceió ainda não receberam as devidas compensações pelos danos causados pela Braskem.
A carta é assinada por dezenas de pessoas físicas e por entidades e grupos como Associação dos Empreendedores no Bairro do Pinheiro (um dos bairros destruídos pela tragédia), Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas, Grupo de Pesquisa Representações do Lugar – FAU/UFAL, Instituto para o Desenvolvimento de Alagoas (IDEAL), Movimento dos Povos das Lagoas e Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (a lista completa dos signatários e a carta na íntegra estão no final do e-mail e no arquivo anexo). Essa relação deverá crescer nos próximos dias, já que a carta será publicamente disponibilizada para novas adesões.
O documento é motivado pela notícia de que as controladoras da Braskem, Novonor e Petrobras, encaminharam comunicado à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) e à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, com o objetivo de informá-las de que suas próprias ações serão colocadas à venda a partir de 31 de janeiro de 2022. A carta aberta será enviada, formalmente, à CVM e ao presidente do Conselho de Administração da B3, a bolsa de valores do Brasil, Antonio Carlos Quintella. Uma versão em inglês será remetida à SEC e à presidente da bolsa de valores de Nova York, Lynn Martin. A intenção é alertar investidores sobre os encargos relativos ao desastre ocorrido em Maceió.
A responsabilidade da Braskem pela tragédia já foi confirmada pelo Serviço Geológico do Brasil. Quatro bairros da capital alagoana foram destruídos (Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro e Mutange), além de um quinto (Farol) ter sido significativamente impactado. Cerca de 55 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas residências.
Outra ameaça
A carta destaca, ainda, que a Braskem deveria transferir para longe da área urbana de Maceió a planta industrial localizada no bairro do Pontal da Barra. Segundo o texto, a instalação coloca em perigo “a vida de 150 mil pessoas que trabalham, estudam ou residem no seu perímetro ou em bairros adjacentes, incluindo o Centro comercial da capital alagoana”. O documento ressalta que a atual localização do equipamento tem “potencial para causar uma calamidade ainda maior na cidade”.
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