Justiça

Baixinho Boiadeiro pode ser solto a qualquer momento

Soltura de membro dos clã Boiadeiro deixa Batalha com clima tenso

Por 7Segundos 22/01/2020 12h12
Baixinho Boiadeiro pode ser solto a qualquer momento
José Márcio Cavalcante, o "Baixinho Boiadeiro" - Foto: Reprodução/ Internet

Apesar de responder por vários crimes, José Márcio Cavalcante de Melo, o "Baixinho Boiadeiro", pode sair do sistema prisional a qualquer momento. Na manhã desta quarta-feira (22), a votação do habeas corpus (HC) em que ele é acusado de tentativa de homicídio na Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas deu empate e, por conta disso, a decisão é favorável ao acusado.

O HC se referia a tentativa de homicídio contra o empresário José Emílio, que aconteceu no mesmo dia em que o pai do acusado, Neguinho Boiadeiro, foi assassinato, em 2017. Zé Emílio, como é mais conhecido, é filho do falecido prefeito de Batalha, José Miguel, que foi assassinado pelo tio de Baixinho Boiadeiro em 1999, Laércio Boiadeiro, dando início a rixa familiar entre os Boiadeiro e os Dantas.

Na sessão ordinária da Câmara Criminal que aconteceu na manhã desta quarta, o desembargador João Luiz Azevedo Lessa, que havia pedido vistas do HC no dia 16 de dezembro, votou contra a soltura de Neguinho Boiadeiro, assim como o desembargador Sebastião Costa Filho. O relator da matéria, desembargador José Carlos Malta Marques, e Washington Luiz já haviam votado favoravelmente a soltura do acusado. Como a votação deu empate, prevalece a decisão mais favorável a Baixinho Boiadeiro, que havia obtido outro habeas corpus concedido pela mesma Câmara Criminal em dezembro passado.

A tentativa de homicídio aconteceu na residência de Zé Emílio. Segundo informações divulgadas pela polícia na época, Baixinho Boiadeiro estava se dirigindo para o hospital de Batalha, após ser informado da morte do pai, e, no trajeto passou em frente a casa do empresário, que estava na calçada. O Boiadeiro teria atirado várias vezes na direção de Zé Emílio, que mesmo atingido, conseguiu escapar para o interior da residência. Após intervenção do governador Renan Filho (MDB), o empresário foi socorrido de helicóptero e encaminhado para um hospital em Maceió. Após o incidente, Baixinho Boiadeiro fugiu e, no dia seguinte, a justiça expediu mandado de prisão preventiva contra ele.

Baixinho Boiadeiro responde ainda por outros dois crimes: o assassinato de Toni Pretinho, em dezembro de 2017; e pelo assassinato do irmão da prefeita de Batalha Marina Dantas, Theomar Bezerra Cavalcante Júnior, e do segurança Edivaldo Joaquim de Matos, que trabalhava para o marido da prefeita, Paulo Dantas. Ele, o irmão, José Anselmo Cavalcante de Melo, o Preto Boiadeiro, e Thiago Ferreira dos Santos, mais conhecido como "Pé de Ferro", chegaram a ser julgados e condenados pelo duplo homicídio no ano passado, mas o júri popular foi anulado.

Entre o dia da tentativa de assassinato contra Zé Emílio e o julgamento da morte do irmão da Marina Dantas, Baixinho Boiadeiro permaneceu foragido. Mesmo assim, publicou um vídeo nas rfedes sociais afirmando que o pai dele, Neguinho Boiadeiro, teria sido assassinado a mando da prefeita de Batalha, Marina Dantas, e do deputado Paulo Dantas, motivado por disputas políticas. 

Após a prisão dele, a polícia divulgou que Baixinho Boiadeiro estaria tramando o assassinato de Paulo e Marina Dantas e teria chegado a contratar pistoleiros para executar o crime. Gravações de voz do acusado, que comprovam a denúncia, foram divulgadas para a imprensa.

Com a soltura de Baixinho Boiadeiro, o clima de tensão volta a se instalar no município de Batalha. A população teme que a rixa entre a família e os Dantas faça mais vítimas no município.