Arapiraca

Agentes de saúde não toleram “improvisos” da prefeitura e decidem voltar ao trabalho de campo

Agentes alegam que não foram treinados para atuar nas funções da triagem e voltaram a campo realizando ações com recursos próprios

Por 7Segundos 19/06/2020 08h08
Agentes de saúde não toleram “improvisos” da prefeitura e decidem voltar ao trabalho de campo
Agentes de Saúde confeccionaram panfletos com recursos próprios - Foto: Cortesia

Um grupo de Agentes Comunitários de Saúde que atua no bairro Bonsucesso em Arapiraca, Região Metropolitana do Agreste de Alagoas, decidiu voltar a fazer o trabalho de campo, orientando e informando a população sobre as endemias e a pandemia de Coronavírus. A decisão aconteceu após a Secretaria de Saúde Municipal exigir que os mesmos fizessem serviços de triagem em pacientes com síndromes gripais. Os agentes alegam que não foram treinados para as funções, e que muita coisa está sendo feita de “improviso”. Além disso, os servidores estavam em contato direto com pacientes infectados, o grupo realizou testes rápidos na comunidade, na tarde desta quinta-feira (18), e dois agentes testaram positivo para Covid-19.

O grupo já está sofrendo retaliações da gestão municipal, e para a agente de saúde, que preferiu não se identificar, a segurança do Agente Comunitário de Saúde (ACS) não pode ser feita no improviso.

“A gente sabe que a triagem é algo muito delicado de se fazer, tem o manuseio de todos os equipamentos de segurança, tanto do agente quanto do usuário, e não é assim de qualquer jeito, passamos muito tempo fazendo improvisos para secretaria porque faltava muita coisa, e ainda faltam insumos, falta lápis, borracha, caderno e tudo isso nós improvisamos, como fardamentos que nós mesmo pagamos, deram fardamento há um ano de péssima qualidade, e tudo isso a gente improvisava. E saúde e bem-estar, nesse momento para o ACS, não dá pra fazer no improviso”, desabafou.

A agente conta que em algumas unidades de saúde do município os servidores estão sendo deslocados para trabalhos internos, sem contato com o público, mas em outras estão sendo locados para a triagem, sem treinamento e condições necessárias. 

“Os agentes estavam trabalhando com máscara artesanal, não estava tendo aquele devido cuidado, os EPIs não estavam corretos, o álcool líquido era constantemente sendo restrito pela direção, a mando da secretaria, então nós estávamos em uma situação de risco, lidando com pessoas com Covid-19, quando chegou EPI, foi disponibilizado uma máscara para ser usada por 15 dias, mas a secretaria estava impondo usar 30, e diante de tudo isso resolvemos voltar a campo”, explica.

A servidora disse que foi feito um comunicado para as enfermeiras, de que o grupo de ACS decidiram voltar a fazer o trabalho de formação e orientação da comunidade, visto que o número de casos na comunidade saltou nos últimos 15 dias.

Assim, o grupo resolveu criar uma estratégia pagando próprio bolso a confecção de panfletos, e um carro de som que está passando na comunidade com mensagens educativas. “Estamos tentando por um lado ajudar a própria secretaria, porque nós só vemos essas ações mais no centro, nas comunidades não existe, estamos tentando fazer uma coisa para ajudar, e estamos vendo uma má fé por parte da secretaria, que já pediu os nomes das pessoas que se recusaram a ficar na triagem. Mas essas pessoas estão sendo usadas para fazer uma função que não foram preparadas pra isso, porque não fomos preparos, fomos jogados de gaito na situação e temos que fazer entrevista, saber se a pessoa está com febre, e nós estamos na linha de frente,  muitas vezes não tem medico por falta de EPIs para atendimento, e nós recebemos esse paciente, somos a porta de entrada para o vírus”.

Dentre as ações do grupo, está a distribuição de panfletos, confeccionados com recursos dos agentes de saúde da comunidade.