Iteral contorna conflitos entre famílias acampadas na região norte de Alagoas
Diretor presidente esteve em campo e dialogou com lideranças dos trabalhadores rurais que estão na Fazenda Santa Helena para conter intimidações
Representantes do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), do Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC) e do 6º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas estiveram na Fazenda Santa Helena, situada entre os municípios de São Luís do Quitunde e Matriz de Camaragibe, com o intuito de garantir a paz no campo, o diálogo e o desenvolvimento da agricultura familiar.
A área pertencente ao Estado de Alagoas possui uma abrangência de 2.000 hectares. No local, existem várias propriedades rurais, além de três acampamentos rurais instalados que reúnem cerca de 80 famílias camponesas na região. No último dia 06 de fevereiro, todas as lideranças foram convocadas pelo diretor presidente do Iteral, Jaime Silva, para dirimir possíveis conflitos pela posse da terra.
“Eu poderia chegar aqui com autoritarismo, porque é uma área do Estado, mas não, vim aqui para sentar e conversar e dar oportunidade para quem realmente quer trabalhar. Eu não vim aqui para passear, queremos resolver, espero que os acordos firmados sejam mantidos e não vou aceitar ataques, ameaças de um lado ou do outro. Sempre trabalhei para manter a paz e somos parceiros dos movimentos sociais!”, afirmou Jaime Silva.
De acordo com a capitã da PM Dayana Queiroz que comandou as guarnições, não há registros de violência ou crimes no local, porém as intimidações entre os trabalhadores rurais são motivos de preocupação e requer acompanhamento. “Nós fomos convidados pelo Iteral para participar dessa atividade. Comumente a gente vem para as questões de cumprimento de reintegração de posse, mas viemos para um trabalho diferente e praticamente de mediação de conflitos. A nossa presença é importante para manter o diálogo e evite qualquer enfrentamento, e alcance o objetivo final do Iteral que é por ordem e garantir o direito do acesso à terra”, declarou.
Na reunião, o líder Pedro Damião representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que as famílias querem trabalhar, que esperam entrar em um consenso e ter avanços. O líder do grupo que encontram-se mais tempo no local, conhecido por Zé, citou a importância de ter a assistência técnica para as famílias. Já a agricultora Amara Santos, agradeceu a presença do Iteral e da PM que visitou todos os acampamentos para ouvir todos os envolvidos.
“Eu já estou nessa luta há doze anos, quero um pedaço de terra para plantar e trabalhar. A terra para mim é um patrimônio porque a gente vai viver dela, sobreviver com os nossos filhos e temos que agarrar esse momento” citou o agricultor Cicero João dos Santos, 52 anos, que vive no local há um ano e tem contribuindo na plantação coletiva de mandioca, batata doce, pimenta, coentro, banana e milho.
O Órgão de Terras fará nessa semana as notificações de todas as pessoas que se dizem proprietários/posseiros para apresentarem as documentações comprovatórias da posse. E em relação aos acampados, a equipe técnica demarcará duas áreas para as famílias cadastradas produzirem, assim como, avaliar quais trabalhadores rurais podem ser incorporados no Programa Nacional do Crédito Fundiário (PNCF).